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A SOCIEDADE EGBE ÒRUN DOS ABIKÜ, AS CRIANCAS

NASCEM PARA MORRER VARIAS VEZES *

Pierre Verger

Universidade Federal da Bahia

Se uma mulher, em país iorubá, dá a luz uma série de criancas natimortas

ou mortas em baixa idade, a tradicão reza que não se trata da vinda

ao mundo de várias criancas diferentes, mas de diversas aparicões do

mesmo ser maléfico chamado abíkú (nascer-morrer) que se julga vir ao

mundo por um breve momento para voltar ao país dos mortos, òrun (o

céu), várias vezes ( 1 1.

Ele passa assim seu tempo a ir e voltar do céu para o mundo sem jamais

permanecer aqui por muito tempo, para grande desespero de seus

pais, desejosos de ter numerosos filhos vivos, para assegurar a continuidade

da família sobre a terra.

Esta crenca se encontra entre os akan, (2) onde a mãe é chamada

awomawu (ela bota os filhos no mundo para a morte). Os ibo chamam os

abíkú deogbanje, os haucás de danwabi e os fanti, kossamah (3). Sua pre-

- senca entre os Mossi foi estudada por M. Houis (4).

Encontramos informacões a respeito dos àbikú em algumas histórias

(itan) de Ifá, sistema de advinhacão dos iorubá, praticada pelos babalaôs

(pai-do-segredo) que transmitem de geracão em geracão um enorme

"corpus" de histórias tradicionais, classificadas nos duzentos e cinqüenta

e seis odu ou sinaisde Ifá (5). Oito deste itan são dados no fim destes artigo,

nos seus textos originais iorubá, com a sua traducão para o português.

Estas histórias mostram que os abíkú ou eméré (112) (6) formam

sociedades no céu (egbé òrun), presididas por lyajansa (a mãe-se-bate-ecorre)

para os meninos (V 11 112 e 76) e olókó (chefe da reunião) para as

meninas (VI3 e V111/77), mas é Aláwaiyé (Rei de Awayé) (V11/17) que

as levou ao mundo pela primeira vez na sua cidade de Awaiyé (V11118).

Lá se encontra a floresta sagrada dos abikú (V11/44), aondé os pais de

ábíkú vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo (VI 1/45,52,54.).

Quando eles vêm do céu para a terra, os ahikú passam os limites do

céu diante do guardião da porta, o aduaneiro do céu onjbodé òrun (1/5),

seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo

(I 11/9). Os que partem declaram o tempo que tencionam ficar no mundo

e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes,

essas criancas, apesar de todos os esforcos de seus pais, retornarão,

para encontrar seus amigos no céu (V/7,9).

Os abíkú podem ficar no mundo por períodos mais ou menos longos.

Um àbíkú menina chamada "A-morte-os-puniu" declara diante de

oníbodé òrun (116,161 que nada do que os seus pais facam será capaz de

retê-la no mundo, nem presentes em dinheiro, (117) nem roupas que Ihes

oferecam, (119) nem todas as coisas que eles gostariam de fazer por ela

(111 1) atrairiam os seus olhares nem lhe agradariam (1112).

Um àbíkú menino, chamado Ilere, diz que recusará todo alimento

(1117) e todas as coisas (11/10) que lhe queiram dar no mundo. Ele aceitará

tudo isto no céu.

Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta ibíkú ao mundo pela primeira

vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o

tempo que iria ficar no mundo (VI I 4, 10). Um deles se propunha a voltar

ao céu assim que tivesse visto sua mãe; (V11/10) um outro, que iria esperar

até o dia em que seus pais decidissem que ele se casasse (VI 111 1 );

um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo

filho (VI 1/15), um ainda não esperaria mais do que o dia em que comecasse

a andar (V11/16).

Outros prometem a lyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade

no céu (V 11 1/3), respectivamente, ficar no mundo sete dias, (V 1 1 111 9 ou

até o momento em que comecasse a andar (VI 11/23) ou quando ele comecasse

a se arrastar pelo chão (V I1 1/23), ou quando comecasse a ter dentes

(V111124) ou ficar em pé (V111125).

Nossas histórias de Ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento

de causa são capazes de reter no mundo esses abíkú e de Ihes fazer

esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas

idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o

tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se

arriscam a perder o poder sobre eles.

E assim que nessas quatro histórias (I, I I I, I V e V) encontramos oferendas

que comportam um tronco de bananeira acompanhado de diversas

outras coisas. Um só dos casos narrados, o terceiro, explica a razão dessas

oferendas:

"Um caçador que estava à espreita ( 1 1 1/3), no cruzamento dos caminhos

dos abl'kú, escutou quais eram as promessas feitas por três abíkú

quanto a época do seu retorno ao céu.

"Um deles promete que deixará o mundo assim que o fogo utilizado

por sua mãe, para preparar sua papa de legumes, se apague por falta de

combustível (II1/11). O segundo esperará que o pano que sua mãe utilizar,

para carregá-lo nas costas se rasgue ( 1 1111 7). A terceia (porque é uma

rrienina abíkú) esperará, para morrer, o dia em que seus pais lhe digam

que é tempo dela se casar e ir morar com seu esposo ( 1 11/22).

"O cacador vai visitar as três mães no momento em que elas estão

dando a luz seus filhos abíkú (111126) e aconselha à primeira que não deixe

se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os legumes

que ela prepara para seu filho ( 1 11/28); a segunda que não deixe se rasgar

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o pano que ela usar para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano

de qualidade diferente (dos que se usam geralmente para este fim);

( 1 11/32); ele recomenda, enfim, a terceira, de não especificar, quando

chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá ir para acasa do seu

marido (1 11/33).

As três mães vão, então, consultar a sorte, Ifá, que Ihes recomenda

que facam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de

uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste subterfúgio, que os

três ibíkú possam manter seu compromisso. Porque, se a primeira instala

um tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho,

antes que ele se apague ( 1 11/43), o tronco de bananeira, cheio de seiva

e esponjoso, não pode queimar, e o abíkú, vendo uma acha de lenha

não consumida pelo fogo ( 1 1 1/47), diz que o momento de sua partida ainda

não é chegado. A pele de cabra oferecida pela segunda serve para reforcar

o pano que ela usa para levar seu filho nas costas ( 1 11/52); a crianca

àbíkú não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder

manter sua promessa. Não se sabe bem o porque do oferecimento de um

galo, mas a história conta que, quando chegou a hora de dizer à filha

uma moça, que ela deveria ir para a casa de seu marido (1 11/55), os pais

não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para casa dele.

Nossos três abíkú não podem mais manter a promessa que fizeram,

porque as circunstâncias que devem anunciar sua partida não se realizaram

tais como eles tinham previsto na sua declaração diante de oníbodé

bruna Estes três àbjkú não vão mais morrer. Eles seguiram um outro caminho

(I 11175,761.

Comentamos esta história com alguns detalhes porque ilustram bem

o mecanismo das oferendas e de sua funcão. ~ ã éo se u lado anedolíco

que nos interessa aquí, mas a tentativa de demonstração de que, em país

iorubá, a sorte pode ser modificada, numa certa medida, quando certos

segredos são conhecidos. No caso, as condicões nas quais os três abíkú

deixaram o mundo.

Esta noção sobre a importância de conhecer certos segredos é também

expressa na sétima história onde os abíkú combinam entre si, no

momento de sua chegada a Awayé (V11/18), preparar, cada um, quatro

vestimentas (de cor vermelha), assim como um lenço de cabeca e um boné

no valor de 1.400, cauris (búzios) para cada um. 0 s ab jkú declaram

que se alguém descobrir suas quizilas, quando eles chegarem ao mundo, e

o nome das vestes que eles combinaram fazer (V 11/22, 23), eles ficarão no

mundo.

E por isso que os babalaôs consultados (VI 1/34) prescrevem oferendas

desses objetos (V1 1/39, 41 1, a respeito dos quais os abíkú fizeram

uma combinacão (VI 1/42).

Essas oferendas são penduradas nas árvores da floresta sagrada dos

Ãbíku em Awaiyé (V1 1/46), acompanhadas de pratos de alimentos e doces

(V 11/52).

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Estas cerimônias serão feitas todos os anos pelos pais (V11/55), e

eles dancarão ao som dos tambores, cantando cancões onde falam du

"Camwood, da cor das roupas vermelhas feitas pelos ablkú, de lenços e

de bonés no valor de 1.400 caurís (búzios) cada um, afirmando, asssim,

ter conhecimento do pacto feito pelos àb&ú quando chegaram em

Awaiyé, e do seu compromisso de ficar no mundo, se os pais viessem a

saber da sua convenção. Nenhum abíkú, cujos pais fizeram estas cerimrinias,

deixará o mundo (V11168, 69) (7).

Tais oferendas são, com efeito, uma forma de expressão sem acompanhamento

de palavras articuladas; o discurso é substituído pela apresentacão

dos objetos testemunhas, provando que a oferenda conhece os

segredos, fazendo-o assim participar do pacto dos abíkú.

Entre as oferendasque os retêm aqui, em baixo, figuram, em primeiro

plano, as plantas litúrgicas. Cinco dentreelas são citadas nestas histórias:

Abíríkolo (Crotalaria lachnophera A. Rich, Papilionacaae).

Agídímagbayin (não identificada).

ldí (Terminalia ivorensis, A. Chev, Combretacae).

lja agborh (não identificada).

Lara pupa (R icinus communis Linn, Euphorbiaceae).

Citemos ainda duas plantas frequentemente utilizadas para reter os

abíkú e que não figuram nessas histórias:

Olobotuje (Jatropha curcas - LINN Euphorbiaceae).

Opá eméré (Waltheria americana LI NN, Sterculiaceae).

A oferta destas folhas constitui uma espécie de mensagem e é acompanhada

por encantamentos (ofó); os textos de algumas delas figuram

nos textos apresentados no fim deste artigo.

Resumamos aqui:

Ewé abíríkolo, insinkú òrun e pèhinda (Vl51, 53)

Folhas d'abiríkolo, coveiro do céu, voltai.

Ewé agidl'magbayin, Olorun máa ti 'kun, a o kú mó (I V121, 23)

Folha de agidímagbayin Olorum fecha a porta (do céu) para que não

morramos mais.

Ewé id í I'ori ki onà òrun tèmi o dí (V1126)

Folhas de idl: dizei que o caminho do céu está fechado para mim.

Ewé ijá agbonrín, não ande pelo longo caminho que conduz ao céu.

Ewé lara pupa ni osún awón àbíkú. (V1133, 34)

A folha de lara vermelha pe o cânhamo dos abíkú.

Olobotuje má jé ki mi bí àbíkú omo

olobotujé &b 17-teiKe parir filhos àbíkú

opá eméré ki pé t í f i kú, yio máa eu ni, nwon ni, nwon bá ríòpá eméré

Vara de eméré não os deixe morrer, isto Ihes agrada, ver a vara de eméré.

Notar-se-ão as açsociacões de som que intervêm em algumas dessas

f0rrnulas de encantamento tais como a última sílaba de ljá agbonrín e o

verbo rlh idl' é do mesmo modo associada ao verbo dí, fecha (o carninho

do céu), além disso, esta história faz parte do signo Òdíméji onde se

reencontra a mesma sílaba atuante; para a folha lara pupa, um jogo de

palavras é feito entre o nome da folha lara e l'ara, o corpo (da criança).

Em país iorubá, os pais, para proteger seus filhos àbíkú e tenta; retê-

los no mundo, podem se dedicar a certas práticas, tais como fazer incisões

(cortes) nas juntas da criança (VI 111 4) e aí esfregar um pó preto, feito

de folhas litúrgicas, queimadas para esse fim, ou ainda ligar à cintura

da criança um 6ndè (V1/20, 21 ), talismã feito desse mesmo pó negro,

contido num saquinho de couro.

A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas fórmulas de encantamento,

é introduzida no corpo da criança por incisões e fricções, e

a parte do pó preto, contida no saquinho do òndè, representa uma mensagem

não verbal, uma espécie de apoio material e permanente da mensagem

dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostís, sendo

essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra (8).

No canto da oitava história, são feitas alusões aos xaorôs, anéis providos

de guizo, usados nos tronozelos pelas crianças abikú, para afastar

os companheiros que tentam vir buscá-los (9) no mundo e lembrar-lhes

suas promessas (V I I 1/57, 64 I.

De fato, seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falt

a de palavra dos abíkú, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos

e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs.

0 s membros da sociedade dos àbíkú, egbé ará òrun, vêm do céu residir

nos lugares pantanosos ( 1 1/28) ou nos regatos ( 1 1/46, V/20), donde

chamam as crianças que querem ficar no mundo. Vão também ao pé dos

muros (11/47), lá onde vão esvaziar as sujeiras (11148). Ficam nas salas onde

as pessoas se lavam (balùwe) no fundo das casas (I11/63), que são lugares

frescos, onde é enterrado iwo, a placenta dos recém-nascidos, colocadas

num vaso isásun, coberto de folhas de palmeira desfiadas, chamadas

mariwó e caurís (búzios). Isso se chama orisun, a arigem da criança, e

esse lugar é saudado com a seguinte frase: Baluwe, nlé o, o tó omo, at'idí

jegbin omc tuntun Olá, sala de banho, fonte de origem da criança, come

as sujeiras da criança recém-nascida), fórmula que, por um curioso resumo,

associa as noções de especulações mui respeitáveis sobre a origem

dos seres humanos às das funções orgânicas.

Nem sempre essas precauções e oferendas são suficientes para reter

as criancas abíkú sobre a terra. lyájanjasa é muitas vezes mais forte.

Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter (V I1 1/46, 47) e porá

a perder tudo o que as pessoas tiverem preparado (V11 1/48, 49). Contra

os ab/kú não há remédios. lyájanjasá os atrairá a forca para o céu

(V111/35, 69). Os corpos dos abíkú que morrem assim, são frequentemente

mutilados, a fim de que, dizem, eles percam seus atrativ.0~ e seus

companheiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo para que

o espírito do àbíkú, maltratado deste modo, não deseje maisvir ao mundo.

142

Essas criancas abíkú recebem no seu nascimento, nomes particulares.

Damos no fim deste artigo uma relacão de alguns desses nomes acompanhados

de suas saudacões tradicionais. Eles podem ser classificados:

quer nomes que estabelecem sua condicão de abíkú (6, 7, 8, 18,36,

38); quer em nomes que Ihes aconselham ou Ihes suplicam que permaneçam

no mundo (2, 9, 11, 13, 14, 16, 17, 23,25, 26, 32, 33, 34, 30);quer

em indicacões de que as condicões para que o abikú volte não são favoráveis

(20, 21, 22, 27, 28, 29, 37, 39, 42); quer em promessas de bom tratamen

to, caso eles fiquem no mundo (5, 12, 15).

A freqüência com que se encontra, em país iorubá, esses nomes em

adultos ou velhilhos que gozam boa saúde, mostra que muitos abikú ficam

no mundo gracas, pensam as almas piedosas, a todas essas precauções,

à acão de Orúnmilà, e a intervenção dos babalaôs.

NOMES DADOS AOS ÃBíKÚ

Aiyédun - A vida é doce (NT)

Aiyédun, a vida é doce, venha conhecer nossa sociedade

Aiyélagbe - Nós ficamos no mundo

A iyélagbe, não parta, não se vá

A já - Cão

Cão, não quebre a corda, perdão, não se va

Ajéigbe - A riqueza não está perdida

Ajéigbe vai chegar, a riqueza não se perderá

Aklsatán - Não se usarão mais farrapos

Aklsatán eu não verei mais amarrar as roupas, Akísàtán não parta

mais

Akújí- O que está morto, desperta

Akúji, faca sortes de prestidigitacão

Apara O que frequenta minha casa

Apara, não fique indo e voltando

Aybrunbò - Vá ao céu e volte

Ayorunbo crianca que cobre o corpo de terra

Bánjókó - senta-se comigo

Bánjókó, senta-se, repousa

Dúróddlú - Espera o Senhor

Dúródólú, teu senhor está a caminho

Dúrójaiyé Fica para gozar a vida

Fica para gozar tua vida, fica ainda, Durojaiyé

Dúrdorlike - Fica, tu serás mimada (nome para uma menina àbíkú)

Fica, tu serás muito mimada neste mundo, Obróoríké

Dúrósnm í - Fica, para me enterrar

Fica, para me enterra, não durmas em vão, Dúrósihmi

Dúrósomo - Fica, para fazer filhos

Fica para fazer filhos no mundo, não faça filhos no céu Dúrósomo

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Dúrótoye - Fica para receber um título honorífico

Fica, para receber um título, não vá ao céu de tarde

Dúrówòjú - Fica para olhar nos meus olhos

Fica, para olhar nos olhos de teu pai e tua mãe, Dúrówòjú

Ebelokú - Suplica para que fique

Suplica para que fique, suplicante está a criança, Èbelokú

Enílolobò - Alguém que partiu, volta

Alguém que partiu, volta, alguém semelhante chega

Enúnkúnoníipe - O que consola está cansado de oferecer condolências,

iso o cansa Enúnkúnonjipe

lgbéko yl'j - O mato recusou este aqu i,

igbékoyií, o mato recuspu mesmo este aqui'

I kúfor~/ in- A morte perdoou

Meu lkúforoin, tua cabeça não vai mais morrer

Ilètán - A terra acabou (não há mais terra para enterrá-lo)

A terra acabou, não vemos mais possibilidade de enterrá-lo

Jéaríobé - Deixa-nos pedir-te

Deixa-nos pedirte, se te pedimos que nos escute, Jéaríobé

Kíké - Indulgente

A crianca é indulgente, Ki ké

Kòjékú - Não consinta em morrer

Não consinta em morrer, nós o prendemos na terra

Kòkúmó - Não morra mais

Kòkúmó, oh filho do segredo!, não morra mais, fique sobre a terra

Kòníbírè - Não há mais lugar para ir (fora deste mundo)

Kòníbíre não vê lugar para ir

Kèsílè - Não há terra (onde enterrar)

Não há terra, não vemos mais possibilidade de lhe enterrar, Kosjle

Kòsókó - Não há enxada (para cavar o túmulo)

Não morra, não há enxada para cavar a terra Kòsókó

Kúmápdy i i - A morte não leva este daqui

Kumápáyl'í que bebe água na cabeça dos mortos, se ele a usa, a

batalha será hoje mesmo

Kúti - Ele não está totalmente morto

A morte empurra para o mundo, não vá para o céu, morte, empurre

para o mundo

Mákú - Não morra

Não morra, mulher do babalaô, Mákú não morra

Malomó - Não te vás mais

Não te vas mais, retorna, Málomò

Mátanmi - Não me decepciones

Eu terei notícias tuas, não me decepciones, eu terei tuas notícias,

não partas

Obísèsan - Nascido para a vingança

Obísèsan vem fazer a vinganca do bem para o mundo

36 Okúsèhíndé - O cadáver volta

37 Orúkotán - O nome acabou

Orúkotán, seu último nascido, Orukotán

38 Omotúndé - A crianca voltou

A crianca voltou,. ela não será mais Àbl'kú, Ornotúnde

39 Orunkún - O céu está cheio

O céu está cheio, não te vás mais, Orunkún não te vás mais, ele ficou

40 Rótimi - suporta-me

Rótimi boa vinda, bom filho, Rótimi boa vinda

41 Tanímòwò - Quem sabe cuidar dele?

Quem sabe cuidar dele, se não o senhor, Tanlmòwò?

42 Tijúikú - Envergonhado da morte

Tijúikú não deixa a morte te matar

É PRECISO CUIDAR DOS ABli<Ú, SENÃO ELES VOLTAM PARA

ri, cíu

A morte não deixa a criancinha ser forte

Fl.!i~eraisn ão deixam ernerè ficar velho

Ifá foi consultado para "A-morre-os-puniu" (nome do abíkú)

qur 6 filha de funerais

5 Quando "A-mori-e--os-puniu" cheça ao mundo, e!a vai perto do

gi13rdião da porta

El? diz, ela vai ao mundo

Ela diz qiit! mesmo vocês (meus pais) lhe dessem dinheiro

Ela diz qbz nSo olhará para trás (não ficará)

Ela diz que !mesmo) que eles quisessem lhe dar vestidos

10 I I?toi não 3trairá OS seus olhares

Ela diz que se eles fizessem coisas para ela

Ela ciiz (isto! nao lhe agradar-ia

Ela diz que todss :I.< coisas cylie fizeram para ela completamente

Ela diz que, simplesmente, o5 jogará fora

15 Ela diz que o dinheiro que eles quiserem gastar

Ela diz que será dinheiro perdido

O guardião da porta diz, nPo é bem assim

Há! diz ela, é assim que ela vai fazer

Ele diz, entãù está bem

20 Ele diz, quando voc? vai voltar?

Ela diz que no momento em que ela agradar a todos (seus pais)

Ele (áb/kC) r a trairá para o céu

No momento em que eles (seus pais) fizerem coisas para ela

Ela diz, neste momento ela voltará

145

O guardião da porta diz, está bem então

Quando "A-morte-os-puniu" chega ao mundo

Sua mãe toma dois e aí junta três (ela consulta Ifá)

Esta menina poderá ficar com ela?

Eles (os babalaôs) mandam que ela faca oferendas para esta crianca

Eles dizem, ela e um abfiú verdadeiro

Eles dizem, ela se chama "A-morte-os-puniu" (lkú-;é-nwon-niya)

Eles dizem, faca rapidamente oferendas para ela

Eles dizem que e'sta menina não.será capaz de deixar o mundo

Eles dizem que ela pegue um galo

Eles dizem que ela pegue um bode

Eles dizem que ela tenha um tronco de bananeira

Eles dizem que ela tenha uma folha de abíríkoío

Sua mães grita hurra! nada acontecerá a esta menina

Eles dizem que ela pegue um bode

Eles dizem que ela pegue um tronco de bananeira

Eles dizem que ela pegue uma folha de agidimagbayin

Eles dizem que ela pegue uma folha de abirikolo

Sua mãe grita hurra! nada acontecerá a esta menina

Quando esta crianca chega na idade

Quando ela chega na idade de ir a casa de seu marido

Acontece que esta menina pensa repentinamente

Quando ela pensa repentinamente, ela fica com dor de cabeca

Antes do cair da noite, ela tem dores no ventre

Antes da aurora "A-morte-os-puniu" vai morrer

Sua mãe vem gritar, ela diz ah!

Ela diz, assim os babalaôs disseram

A morte não deixa a criancinha ficar forte

Funerais não deixam eméré ficar velha

Ifá é consu Itado para "A-morte-os-pu niu"

Que é filha de funerais

Ela diz, seu olho a faz olhar aqui e lá

Ela diz, seu olho está brilhando (de lágrimas)

Ela diz, seu rosto está coberto d'água, ela chora

E assim que (quando) esses abfiú vêm ao mundo

(E) vão dar adeus diante do guardião da porta

Eles dizem que esta pessoa fará qualquer coisa para eles

Eles não serão capazes de ficar quando chegar a hora

Em que as pessoas cuidem bem deles

Porque quando as pessoas são atraídos por eles (gostam deles)

Neste momento, eles querem deixar as pessoas.

OFERENDAS PODEM RETER ABÍKU NO MUNDO

A dificuldade atinge repentinamente alguém

A desgraca sobre alguém

Ifá é consultado para llere

Que é o filho de O b i r ~ nab ata (mulher pântano)

5 llere diz que vai ao mundo

Diz que se ele chegar ao mundo

Diz que toda a comida que lhe derem

Ele diz, ele não a comerá

Ele diz, (esta) dádiva ele a comerá no céu

10 Ele diz, todas as coisas que quiserem lhe dar

Diz que não as aceitará

Ele diz, (estes presentes) no céu ele os aceitará

Diz que não há coisas que o possam reter

Quando ele chegar no mundo

15 Esta crianca é capaz de não morrer assim?

Ha! Dizem, eles (os pais) farão uma oferenda, ele não vai morrer

Eles dizem, a menos que eles não tenham um vaso novo

Eles dizem que eles tenham todas as coisas que a boca come

Que eles tenham um tecido vermelho

20 Eles dizem, que ele tenha uma tampa de panela, cânhamo (osum),

sabão, esponja

Eles dizem quando eles tiverem oferecido tudo isso

Eles dizem que o colocarão rio abaixo

Eles dizem que lá estão seus companheiros que o vão chamar e

matar

Eles dizem, é lá que eles vão ficar

25 Quando eles tiverem prontos, trarão as coisas para oferecer

Quando eles trouxerem estas oferendas

Seus companheiros o esperarão e não o verão chegar

Eles irão ao local pantanoso

No lugar onde se reúnem para se dizer adeus

30 Eles comecarão a chamá-lo

Eles chamarão llere, Ô llere Ô -

Para que eles Ihes responda

Ele diz, assim os babalaos disseram

A dificuldade encontra alguém de repente

35 A desgraca cai sobre alguém

Ifá é consultado para llere

Que é filho de Obl'rin abatá

Ele diz, quem chama Ilere

Ele tem bracos fortes, pés fortes

40 Eles ouvem, eles dizem ah!

Seus companheiros não vêm ainda

Eles voltam

Sua fam il ia fez oferendas

Ele não vai morrer

45 Se é um àb/kú

Motivo pelo qual esses abíkú vão ao riacho

Ou olham o muro

Ou vão ao monte de estrume

Se os àb;kú chegam

58 (e) dizem que têm dor de cabeca

Seus companheiros vêm pegá-lo

(Mas) Aqueles para quem foram feitas as oferendas

Não abandonarão mais as pessoas

SUBTERFÜGIOS PARA RETER OS ABIXÜ NO MUNDO

Osé Omolu oh! a crianca tem um segredo

Ifá é consultado pelo cacador que está à espreita

Que está à espreita na encruzilhada dos caminhos de àbíkú

Eles (os babalaôs) dizem, tu que estás à espreita

5 Eles dizem, teu olho verá muitas coisas hoje

Quando o cacador que está de tocaia no mato

Ele vê três (àbíkú) vindo ao mundo

Quando eles vêm ao mundo

Eles comecam por dar adeus diante do guardião da porta

10 Um diz que vai assim ao mundo

Diz que a lenha que seus parentes usarem

(para preparar sua papa (de legumes)

Ele diz que no dia em que ela acabar de queimar

Ele diz, neste dia ele voltará, voltará para o céu

O guarda da porta diz que entendeu

15 O segundo (àbíkú) aparece lá e diz adeus

Diz que vai assim ao mundo

Diz que o tecido que (sua mãe) utilizar para carregar as costas

Ele diz no dia em que este pano estiver estragado

Ele diz neste dia ele voltará para o céu

20 A terceira (àbíkú) chega lá

Ela diz que vai assim ao mundo

Ela diz que no dia em que seus ais lhe disserem para ir a casa do

seu marido

Ela diz neste dia ela voltará para o céu

Quando o cacador retorna a sua casa

25 Ele fica sabendo que estes três (abíkú) nasceram em suas casas

Ele vai visitar as três mães

Diz a primeira, tu que puseste um menino no mundo

Ele diz, não deixes que a lenha debaixo da panela da papa de legumes

de seu filho, se queime completamete

(Senão) esta crianca vai morrer

30 Diz, tu que deste a luz a segunda

Ele diz, o pano que usares para levá-lo nas costas

Ele diz, não deixes que se rasgue, usa um diferente (dos outros)

(Senão) esta crianca vai morrer

Ele diz tu que pariste a terceira

35 Ele diz, se é tempo de levar tua filha para o marido

Ele diz não te arrisques a indicar o dia, e dizer que neste dia tu a levarás

a casa do seu marido

(assim) esta crianca será capaz de ficar no mundo

As três mães dizem que entenderam

Elas consultam Ifá

40 Quando elas chegarn jbnto do babalaô

Eles encontram (o si&..l) Osé omolu

Eles (os babalaôs) dizem que elas tenham um tronco de babaneira

Eles dizem que elas tenham uma cabra como oferenda

Eles dizem que elas tenham também urn galo

45 Eles dizem quando elas tiveram aceso o fogo sob a panela que cozinha

Eles dizem, se o fogo quker morrer, que elas juntem um tronco de

bananeira

Quando o ábjku olhar oembaixo da panela, um acha

Ah! diz ele, o fogo não está quente

Elas fazem assim (continuamente)

50 Esta crianca não vai mais morrer

Eles dizem que elas arranquem a pele de uma cabra

Eles dizem que elas costurem sobre o pano que a mãe usa para levar

o filho nas costas

Quando chegar a hora (do abíku) dizer se o pano está estragado, ele

voltará para o céu

Quando ele olha o pano atrás, ele não esta rasgado ( e não tem furos)

55 Ele diz que a hora ainda não chegou

Esta crianca não vai mais morrer

Quando é chegado o momento de dizer que é tempo de ir à casa do

marido (e) de morrer

Nesta hora, seus pais não lhe dizem nada

Um dia eles a tomam bruscamente e a levam (para a casa do marido)

149

60 Ela não vai mais morrer

Ela diz Ah! Eles seguiram outro caminho

Quando seus companheiros (abíkú) os esperam assim (e) não os

vêem chegar

Seus comoanheiros (abiku) vêm ficar atrás da casa

Eles os chamam

65 Eles os chamam todos os dias

Estes três (abikú) vêm responder a seus companheiros

Eles choram para voltar para junto deles

(Canto1

0sé omolu oh! a criança tem um segredi

Vocês dizem a lenha não se queimou, oh! a criança tem um segredo

Osé omolu ah! a criança tem um segredo

Vocês dizem, o pano não se rasgou, oh! a criança tem um segredo

Òsé omolu, oh! a crianda tem um segredo

Vocês dizem que levam a criança à casa do marido, oh! a crianca

tem um segredo

Osé omolu, ah! a criança tem um segredo

(fim do canto)

Estes três ibíkú não vão mais morrer

Eles seguiram outro caminho

MOSETAN FICA NO MUNDO

Levanta-te, levanta-te beleza, levanta-te

lfá foi consultado para Mosétán (eu acabei 1

Que é a filha de Blóje Okoso

Eles (os babalaôs) dizem que Mosetan venha fazer oferendas

5 Dizem que seus compant-+eiras que ela em sonhos

Que eles não sejam capazes de aprender fora do mundo

Eles dizem que ela pegue um tronco de bananeira

Dizem que ela pegue uma das suas tangas

Eles dizem que ela pegue um galo

10 Eles (os pais) fazem a oferenda

Quando eles fazem a oferenda, eles colhem as folhas de Ifá (agídímagbayin

1

Quando acabam de colher, eles vão com seu tronco de bananeira

Com sua tanga, com as folhas de Ifá

Ela não vai mais morrer

15 Ela não verá mais as coisas más

Eles dizem assim dizem os babalaôs

Levanta-te, levanta-te beleza, levanta-te

Ifá foi consultado para Mosetán

Que é a filha de Olojé Okosó

20 Crianca que recebe pedacinhos (de comida) na boca

Olorum fecha a porta (para) que não morramos ma.iç

A mão (encontra) as folhas de agídímagbayin

Olorum fecha a porta para que não morramos

Assim fala Ifá

25 Ifá diz que a crianca vê coisas más em sonhos

Que a crianqa chama seus companheiros (abíkú)

Que els não serão mais capazes de prendê-la (fora do mundo)

Òtua tem um segredo, talvez ele seja ativo

Ifá é consultado para Olóiko

Que é o chefe da sociedade (dos abíkú) no céu

Que do céu parte para o mundo

5 Quando Olbikb se vai, os abjkú dizem assim:

Tu Olóikò que partes assim, não fiques muito tempo (ausente)

Se eles lhe promete que não ficará muito tempo (ausente)

Quando chegar a hora, (ainda que) os pais tenham feito muitas oferendas

para que eles fiquem

Estas crianças não escutam. Elas se vão

10 Estes seres são chamados Abíkú

Quando Olóiko se vai

Eles, (os abíkú) dizem, tu Olóiko

Eles dizem, tu partes assim

Dizem, esta é a tua cadeira

15 Dizem, ninguém (além de ti) pode se sentar nela

Ele (Olóiko) diz, ele se vai

Eles dizem que quando chegar ao mundo

Dizem que não se esqueca deles

Quando ele chegou ao mundo, ele os esqueceu

20 Seus companheiros chegam a beira do regato

Eles chamam Olóiká, Olóiko, Olóiko

Olóiko escuta, (mas) não responde

Os pais de Olóiko correm a procura dos babalaôs

Eles dizem que Ifá os ajude

25 (Que) este Olóiko não seja capaz de morrer

Seus companheiros o chamaram, que ele não seja capaz de encontrá-

los

Eles (os babalaôs) dizem que sua cadeira está no meio de seus compan

heiros

Dizem, porque os pais tomam cuidado ele não vai morrer

Eles mandam que façam oferendas

151

30 Dizem que (eles dêem) um tronco de bananeira

Dizem que (eles dêem) um pombo

Dizem que (eles dêem) todas as coisas que a boca come

Dizem (que eles dêem) 1200 caurís (búzios)

Dizem que preparem um pano branco

35 Quando eles acabam de preparar, pegam todas as coisas e as amarram

juntas

Amarram estas oferendas como se fossem para funerais

Eles procuram um lugar perto do rio onde enterram as oferendas

Quando eles acabam de enterrar

0 s companheiros de Olóiko chegam pertinho

40 Como eles ficam ali perto

(e) vêem que trazem uma oferenda

(e) que cavam a terra e ali enterram (alguma coisa) como um caixão

de defunto

Quando acabam de enterrar

0 s companheiros de Olóiko chamam de novo : Olóiko, Olóikó, Olóikó

45 Os pais de Olóiko vão consultar Ifá para ele

Eles vão colher folhas de ablí-íkolo como oferendas

Quando eles acabam de colher as folhas

Eles esfregam todo o corpo (de Olóiko) com elas

Quando o corpo está completamente esfregado

0 s pais comecarn a cantar assim

"Porteiros do céu, voltai

FOI ha de ablí-íkolo)

Porteiros do céu, voltai"

Quando os porteiros do cé ouvem o canto que eles cantaram neste

dia

Que afasta as pessoas de sua sociedade do seu corpo (de Olóiko)

Porque se abíkú vem

Se (as pessoas) lhe fazem oferendas

Ãbíkú não tem mais (nenhuma chance de ir (para o céu)

ASEJEJEJAIYÉ FICA NO MUNDO NA DECIMA SEXTA VEZ QUE

ELE VEM

Ifá foi consu Itado para Òrunnmila por causa de seu filho Asejéjejaiyé

(E) a partir de Asejéjejaié que Orunmild prende ab;kÚ no mundo

No Odu de Ifá, Òdí meji

Asejéjejaiyé é o nome da crianca que Orunmila, que teve naquele

tempo

5 Ele, causa muitos aborrecimentos a Orunrnila, porque é a décima

sexta vez que vem ao mundo e morre

E então que Òrunnmila descobre suas manhas

Este Asejéjejaiyé chegou pela décima sexta vez

Òrunmila diz. Ah! este ó décimo sexto

152

Esta crianca não deve ser capaz de ir assim

10 Eles (os babalaòs) dizem que Òrunrnila prepare a folha idi e tudo

O mais

Eles dizem que Orunmílà queime tudo

Depois que Orunnmila queimou (para reduzir a um pó preto)

Eles dizem que Òrunmilà faca incisões nas juntas do corpo (de

A seJéjeja y

15 Que faca também incisões no seu rosto

Õrúminnla faz as incisões e (esfrega o pó)

Quando Orunmilà acaba de fazer as incisões

Eles dizem, esta crianca não conhece mais o caminho do céu (da

morte)

Dizem que ele pegue o resto (do pó negro)

20 Dizem que com ele confeccione um óndè (talismã)

Dizem que o amarrem a cintura da crianca

Dizem, ele não é mais capaz de partir

Dizem, o caminho do céu não foi feito para ele

Como eles colheram esta folha neste dia, eles dizem

25 A folha id/diz que o caminho do céu está fechado para esta pessoa

A folha idídiz que o caminho do céu está fechado para mim

Que eu não morra em minha juventude

A folha de iJá agbonrín não caminha ao longo do caminho que leva

ao céu

Que eu não morra, que eu não siga o caminho do céu na minha juventude

30 A folha de ija agbonrin não caminha ao longo do caminho que leva

ao céu

Eles dizem, não siga, pois o caminho do céu na sua juventude

A folha /ara pupa é o "cânhamo" (osun) dos ab/'kÚ

A crianca que esfrega seu corpo com a folha de /ara pupa não volta

para o céu

Ele (Òrúnmllá) diz que esfregou o corpo do seu filho com a folha

( Ia ra

35 Diz, e quando ele crescer

e quando se tornar um adolescente

e quando ele for pai

Ele diz, ele não vai morrer na sua juventude

Nós pronunciaremos esse encantamento assim

40 Se alguém era abikú que vai e vem, que vai e vem

Se nós pudermos fazer incisões (sobre seu corpo e esfregar nelas o

pó preto)

Se nós confeccionarmos um Ònde que predemos a sua cintura

O caminho do céu ficara então fechado (para esta crianca) neste

tempo

OSÃBíKU CHEGAM AO MLJNBQ PELA PRIMEIRAVEZ EM AWAIYÉ

Mato pequeno, mato pequeno

Escuridão escura

Quem conhece o trabalho da escuridão não procura atrapalhar a lua

Ifá foi consultado para Aláwaiyé que vem do céu ao mundo

5 Que leva 280 abikú para a terra

Quando Aláwaiyé chega

Ele é o chefe dos abikú no céu

Ele chama então os abjkú para que venham

Quando eles chegam na barreira do céu

10 Cada um declara o tempo que vai ficar (no mundo)

Um diz que, assim que ele tiver visto sua mãe, ele voltará

O outro que, no momento em que marcarem o dia do seu casamento,

ele voltará

Uma outra que, quando tiver posto um filho no mundo, ela voltará

Outro diz que', qùando tiver sonstruído uma casa, ele voltará

15 Outro diz que, quando seus pais conceberem de novo, ele voltará

Um outro que, quando comecar a andar, ele voltará

Quando eles chegam, Aláwaiyé está no comando dos ab;kú

Quando eles chegam, vão primeiro a Awaiyé

Eles dizem que farão, cada um, quatro vestimentas (cor de)

Eles dizem que prepararão um lenco de cabeca (do valor de) 1400

caurís

Dizem que preparam um boné (do valor) de 1400 caurís

Eles dizem que, se alguém conhecer suas proibicões quando eles

chegarem ao mundo

Se alguém conhecer o nome das vestimentas que eles combinaram

fazer

25 Eles dizem, se sua mãe soubesse das coisas combinadas

Eles dizem, eles ficariam perto dela

Eles dizem, se seu pai soubesse, eles ficariam perto dele

Quando eles chegam a Awaiyé

Alawaiyé firmemente os leva ao mundo

30 Ele vai a primeira vez, ele se vai de novo

Ele vai a segunda vez, ele se vai de novo

Ele vai a quarta, quinta, sexta vez,

Quando chega a sétima vez

A gente de Awaiyé vai consultar o babalaô

35 Seu filho será capaz de não ir mais?

Se alguém dá nascimento a um abikú

154

Se ele quer prendê-lo de tal modo

Que ele não queira mais partir de novo

Que prepare um lenco de cabeca (no valor de) 1400 caurís

40 Que prepare um boné (no valor) de 1400 caurís

Que prepare também um tecido (cor de) osun

(estes são os objetos sobre os quais eles (os àbíkús) fizeram uma

combinacão

Eles fazem uma roupa para ele (ablkú) neste pano (vermelho)

Eles têm uma floresta para si'em Awaiyé

45 Lá eles oferecem tudo

Dizem que ele (o pai ou a mãe) vá pendurá-Ia numa arvore na floresta

dos abíkú

Quando eles terminam de pendurar

Dizem todos a suas mães e seus pais

Que facam uma cerimônia para eles

50 Que dancem para eles

Que batam tambores para eles

Que preparem ekeru, akara, òlè, cana de acúcar, amendoins, doces

Que preparem esponjas e sabão

Que preparem todos os tipos de legumes

55 Eles dizem, se quiserem fazer isso todos os anos

Dizem que eles não partirão mais

Quando eles voltarem, eles dancarão aqui e lá

Terão tambores iyá dundún

Eles cantarão

60 "Esfreguemo-nos de Osun para o chefe da sociedade

Lenco na cabeca (do valor de ) 1400 caur is

Esfreguemo-nos de Osun para o chefe da sociedade

Boné (no valor dei 1400 caurís

Esfreguemo-nos de "Osun" para o chefe da sociedade

65 Esfreguemo-nos de "Osun" para Aláwaiyé

Esfreguemo-nos de "Osun" para o chefe da sociedade

Dancarão suas dancas

Eles dizem, se suas mães e seus pais fazem a cerimônia

Eles dizem, nenhum dos que são abl'kú não os deixará no mundo

IYAJANJASA NÃO DEIXA OS ÃBÍKÚ FICAR NO MUNDO

Guizos pequenos

Há muitos guizos pequenos

Ifá foi consultado para fya;an;isá que chefia a sociedade (dos abtkú

no céu)

155

Quando eles se reúnem (e) ela está chefiando a sociedade

Se estes ab/kú vão e vêm

Eles entregam sua mensagem a iyájanjasá

Se eles se vão, eles lhe dizem onde vão

Quando chegam eles dizem também a lyájanjasá

No momento exato em que ryájanjàsá

No momento exato em que iyájanjasá vem ao mundo

Eles dizem, tu és nosso rei (rainha)

Dizem que são os filhos de sua sociedade

Eles dizem, não permitem que ela venha ao mundo

Eles dizem, porque se ela vai ao mundo

Eles dizem, eles não encontrarão mais a quem entregar suas mensagens

Eles dizem, por isso iyájanjisá não irá ao mundo

iyájanjasá diz não faz mal

Diz que todos os que quiserem ir ao mundo, vão ao mundo

Diz que todas as criancas da sociedade vão ao mundo

O que quiser ficar sete dias no mundo,

Que diga que, no sétimo dia em que o tenham posto no mundo

Ele virá entregar uma mensagem a ti, a ti iyájanjasá

Ele virá entregar uma mensagem a ti, a ti li/ájanjasá

O que chame no momento em que for andar

O que chama no momento em que for engatinhar

Aquele que diz no momento em que for ter den$es

Aquele que diz no momento em que se puser em pé

Que ele venha entregar a mensagem a lyájanjasá

Eles prometerão, todos, assim,

No local em que iyájanjàsá está na sua chefia

Quando eles tiverem feito sua promessa a iyájanjasá

Eles farão as coisas que eles tenham determinado assim

Se o tempo é quase chegado

Que seu rei os espera

(e) ele não os vê ainda (chegar)

lj/ájanjasá usará de truques para os procurar

Eles também a procuram

iyájanjasá atrai estes ab /kú ao céu

O que disser que nãoencontra o caminho (do céu)

lj.4janjasá o ajudará (a encontrá-lo)

O que disser que não quer vir

Que as pessoas da terra consultaram Òrúnmila

E (que ele) os ajuda para que fique

iyájanjasá é perturbada por Òrúnmila

a respeito das criancas de sua sociedade que vão ao mundo

O que lhe prometeu voltar para junto dela

45 Que não vem mais, ela o tomará a forca

Todas as coisas que as pessoas fizerem para ele

Ela não as deixa agir

Todas as coisas que as pessoas fizeram para ab;kú

iyájanjasá as estraga

50 Eles dizem que contra abl'kú não há remédio

Porque todas as coisas que quiserem fazer para lhe agradar (ao abjkú)

lyijanjasá as estragará

Quando lyálanjasá os procurar aqui e acolá

Este filho da sociedade quer ir para o céu

55 Ele procura também iyájanjasá

Eles cantam esta cancão:

"iyájanjasá, pequenos guizos

Há muitos guizos pequenos

Eu busco minha sociedade (e) vou a Ofa, pequenos guizos

60 Há muito guizos pequenos

Eu busco minha sociedade (e) vou a Or9, pequenos guizos

Há muitos guizos pequenos

/Yájanjasá pequenos guizos

muitos guizos pequenos"

65 Quando tiverem cantado assim

Esta crianca, que é membro da sociedade dos abjkú

Que não encontrou, rapidamente, o caminho (do céu)

Virá cantar, dizer que

iyájanjasá a ajude a chegar ao céu

70 No lugar onde lyájanjasá gosta de ficar

Se ela puder ouvir este canto

Ele virá logo, correndo

Ela buscará, então, um meio de ajudar,

O filho de sua sociedade a encontrá-la no céu

75 Dizem que (contra) abíkú não há remédio

1-yá~anjaseás ta na frente da sociedade dos ibl'kú machos

Qloikó está na frente das abl'kú fêmeas

Se vides que uma crianca macho ganha idade

E que morre no momento de se casar, é pelo poder de lj/ájanjdSá

Tal é a história de iyájanjasá que chefia sua sociedade

e de como ela ajuda as criancas de sua sociedade (e) as atrai para o

céu

E (de ela estraga OS remédios dos que tomam conta deles

(tirado) do odu de Ifá irete

NOTAS

(1) As ,palavras em iorubd estão transcritas de acordo com as normas ortogrdficas dessa Itngua

( 2 ) DEBRUNNER, Witchcraftin Gana. Accra, 1959. p. 43

(3) Sunday Times. Lagos, 7 apr. 1968.

(4) HOUISI M. Le non individuel chez les Mossi. Dakar, IFAN, 1963. Cap, 5.

(5) MAUPOIL, 0. La geomancie à I'ancienne Cbte des Esclaves. Paris, Institut d'Ethnologie de

I'Université de Paris, 1943.

(6) 0 s algarismos romanos indicam os das histórias publicadas no fim do artigo;os algarismos

arábicos remetem para as linhas destas histórias.

(7) As cerimònias para os abíkú parecem ser pouco frequntes entre os iorubás; a única a que

assisti aconteceu entre os gun, em Porto Novo. Ela me tinha sido indicada por Mille M. J.

Pineau que fez um estudo sociologico de um bairro da cidade para a ORSTOM. Tratavam-se

de oferendas de alimentos feitos aos dbíkú em conjunto com osgèmeos, ibeji, ligando num

mesmo culto as crianças que não querem ficar no mundo e as que vêm duas ao mesmo tempo,

singularizando-se uns e outros, pelas circunstâncias excepcionais de seu nascimento, A

cerim0nia era feita pela tanyinonm encarregada do culto aos deuses protetores de uma famíiia

tradicional do bairro HouBta. Num canto da peça principal, oito estatuetas de madeira de

cerca de vinte centímetros de altura eram colocadas sobre uma banqueta de barro.

Todos vestidos de panos da mesma qualidade, mostrando pela uniformidade de suas vestimentas

pertencer a uma mesma sociedade (egbé). Seis destas estatuetas representam àbíkús e

as outras duas ibeji. As oferendas feitas pela tanyinnon consistiam de oka (pasta de inhame)

obèlá (espécie de caruru) èkeru (feijão moído e cozido nas folhas1 eran dindi, eja dindin

(carne e peixe fritos) que, depois da prece da tanyinon e da oferenda de parte desta comida

às estatuetas, foram distribuídas pela assistència. Uma Sacerdotisa de Obatalá (Chamado Dudua

em Porto Novo) assisti a cerimônia sublinhando as ligações que existiam entre o orixá

da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, aleijados, albinos) e aqueles cujo

nascimento B anormal (abikú e ibeji).

Esta cerimônia lembra a que é feita tradicionalmente para os gèmeos na Bahia pelos descendentes

de ioruba trazidos antigamente para o Brasil pelo trdfico. Todos os anos, no dia 27 de

setembro, dia de S. Cosme e S. Damião, 7 meninos são convidados por certas famílias para

comer o caruru tradicional oferecido aos ibeji. Este carui-u não é outra coisa senão o obèlá

da cerimônia dos abíkú e preparado do mesmo modo. Os sete meninos representam os gè.

meos Cosme e Damião, Dois-Dois (deformação de Idowu, aquele que, entre os iorubás, nasce

depois dos gêmeos Táiwo e Kèánindé) Crispim, Crispiniano, SalBk6 e Tàlèbí.

Em sua prece a tanyinon tinha evocado Sàlàkó, que com Tàlàbi são os nomes dados aos me.

ninos e meninas que vem ao mundo com pedaçosde membrana rompida sobre a cabeça; cir.

cunstância excepcionai do seu nascimento que os aproxima da sociedade dos abíku.

(8) HORTON, Robin. Africa traditional thought and Western Science. Afriw. London, 37

{2):159, apr. 1967.

kalabari Sculpture. Lagos, 1965. p. 10

LAVOND~SH, enri. Magie et langage. L'Homme. 1963. p. 115.

(9) WILLIAMS, Peter Morton. Yoruba response of fear of death. Africa. London, 30 (1 1:35,

jan. 1960.

(10) Por dificuldades tipográficas deixamos de transcrever os textos respectivos do original em

iorubá, que se encontram no artigo: VERGER, Pierre. La societé egbé orun des Abíkú, les

enfants qui naissent pour mourir maintés fois. Bulletin de I'lfán. Dakar, 30 (41: 1448187,

1968. (série BI.

lTradução do original em francês de Ieda Machado Ribeiro dos Santos (CEAO).

LA SOCÓTÉ EGBÉ ORUN DESABIKÚ, LES ENFANTS OU1

NAISSENT POUR MOURIR MAINTÉS FOIS

Si une femme, en pays yoruba, donne naissance à une série d'enfants

rnort-nés ou morts en bas âge, Ia tradition veut que ce ne soit pas Ia venue

au monde d'enfants différents, mais qu'il s'agisse de diverses apparitions

d'un rnême être malé fique appelé abiku (naitre-mourir), censé venir

au monde un bref moment pour s'en retourner au pays des morts, orun,

l'au-dela, à diverses reprises. I1 passe ainsi son temps a aller et revenir de

l'au-dela au monde, sans jamais y rester logtemps, au plus grand désespoir

des parents désireux d'avoir de nombreux enfants vivants pour assurer

Ia continuité de Ia famille.

Huit histoires, itan d'lfa, contées par Ies babalawô (les peres qui possedent

les secrets) au Nigeria sont données dans leurs textes complets et

montrent comrnent les abiku sont censés former une société, egbe orun.

Au moment de venir sur terre, chacun d'entre eux doit prendre l'engagement

de revenir auprés de leurs compagnons a une èpoque déterrninée

par lui Mais si les parents parviennent a /e retenir au monde par certaines

o ffrandes, /e charme est rompu, l'abiku, oubliant sa promesse de retour,

et, rornpant ainsi le cycle de leurs allées et venues continuelles entre Ia

vie et Ia mort, reste enfin au monde pour une période de vie normale.

11s reçoivent certains norns au mornent de leur naissance, les suppliant

ou les incitant 2 rester au monde. La fréquence avec laquelle on rencontre

en pays yoruba ces noms, portés par des adultes et des vieillards en

bonne santé, montre que beacoup d'abiku restent au monde, grâce aux

';arécautions" décrites dans cet article.

TUE EGBÉ ÒRUN SOCIETY OF THE ABIKÚ, THE CHILDREN

BORN TO DIE

l f a womari gives birth, in Yoruba country, to series of still-born children

or if they die in infancy, tradition says that it is not the birth of various

children, but that it is the same malevolent creature corning severa1 times

to earth. He is called abiku (born to die) and supposed to come to earth

to return after a short time to the country of the deads. He comes and

goes from and to the "beyond" and the earth without remaining here for

long, for the greatest despair of the parents, anxious to get numerous

children to secure the continuity of the family.

Eight stories, itan of lfa, told by babalawo (the fathers who possess the

secrets) in Nigeria are given in their full ex tension and show how the abiku

are supposed to form a kind of "club", the egbe orun. Each of its

 



ESÚ




ESU OTA ORISA

Esu a pedra fundamental do Orisa

ESU OFI OKUTA DIPO IO

Esu transforma o sal em pedra

1. "O PRINCIPIO ERA A PEDRA"

Em todos os momentos da vida dos afro-descendentes que cultuam Orisa, a terra é o

elemento mais importante a ser reverenciado e, em conseqüência disso, a pedra, o fruto da

condensação da terra, a desagregação particulada e formadora do microcosmo Yoruba.

Essa singularidade pode ser vista na gênese Yoruba, amplamente documentada, por

diversos autores.

Olodunmarê após um tempo imemorial de inércia resolve criar o mundo, e sua primeira

criação é a pedra primordial chamada por ELE de

Esu Yangi e, posteriormente, de

Esu

Obasin

 

 

 

, cultuado até os dias de hoje em Ile Ifé.

Pode-se dizer que sem pedra "Ota" não há Orisa.

 

 

KOSI OKUTA

KOSI ORISA

"Sem pedra

Sem Orisa"

KOSI ESU

KOSI ORISA

"Sem Esu

Sem Orisa"

Todo Orisa tem que, obrigatoriamente, ser assentado em uma pedra ou em algum material

que dela tenha vindo; exemplo: o ferro em que se assenta Ogun é a transmutação da

pedra, transformada em ferro por intermédio do fogo. Dessa forma pode-se dizer que Ogun

é assentado na pedra.

Outro aspecto interessante é que o corpo humano é composto de vários elementos, e entre

eles um dos mais importantes é o barro modelado por

Ajala

, onde, posteriormente, é

inserido por

 

 

Obatala, o Bara

, o ESU do movimento.

Outro aspecto de grande importância relacionado à terra é o

 

 

Ikomojade

(imposição de

nome ou batismo). Nele o pai pega a criança e coloca o pé dela sobre a terra fofa,

 

especialmente preparada para o momento, recitando o seguinte verso de Ifa:

 

 

Yoruba

ILÉ

A O GBE OMO, AO FI ESE OMO NAA TE ILE,

A O WA WURE BAYI PE,

ILE REE O,

ILE OGERE,

ILE NI A NTE KI A TO TE OMI,

A KI NBINU ILE KI A MAA TE,

BI O BA NRIN NILE KI OMO ARAYE MA BINU RE,

A KI NBALE SOWO KI A PADANU,

GBOGBO OHUN TI O BA DAWOLE LORI,

10.ILE AYE YI,

11.KO NI PADANU.

Português

Terra

Os pais pegam a criança e colocam o pé dela sobre a terra, iniciando a recitação. Eles

chamam o nome da criança e falam:

1. (Nome da criança) Aqui está a terra,

2. A terra que está espalhada pelo universo,

3. É nela que se pisa primeiramente,

4. Antes de se pisar na água.

5. Ninguém que tenha ódio da terra,

6. Priva-se de pisar nela.

7. Quando você anda sobre a terra,

8. Os seres humanos não terão ódio de ti.

9. Todos que fazem negócios com a terra lucram com ela,

10. Tudo que você se propor a fazer na sua vida,

11. Não será em vão, você lucrara na vida.

Portanto, é muito claro que

Esu foi criado por OLODUNMARÊ

, da matéria primordial e

divina da qual, posteriormente, ELE fez todos os Orisa. A mesma matéria que daria forma

 

à toda existência divina, assim como toda a humanidade que, um dia, Ikú "a Morte"

 

devolverá à esta lama primordial.

 

Assim,

 

 

Yangi

é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos

elementos criados.

 

 

Yangi

 

é conhecido como "Esu Agba”,

o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais

antigos e tradicionais eram simples pedras de

 

laterita vermelha

, colocadas no chão,

onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.

 

Em alguns lugares, como a Orita Meta ou a Encruzilhada de Três caminhos, a

 

 

 

laterita

vermelha

 

 

 

está cercada por 7, 14 ou 21 pedaços de ferro enferrujados.

Na cidade de Ile Ife, pode-se ver o assentamento de

 

 

Esu Yangi

como o descrito acima.

Para se chegar a casa de

 

 

OBATALA

, entra-se em uma rua que vai exatamente até a

entrada, e acerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em duas outras

 

ruas laterais, formando um (Y) . No meio do vértice do (Y) está a casa de

 

 

OBATALA

, e na

ponta do vértice o assentamento de

 

 

Yangi

, uma montículo de cimento armado com uma

laterita fincada no alto. **

 

 

Yangi

 

é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência disso, o

elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento.

 

Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá existir.

 

2. OS MÚLTIPLOS NOMES E FUNÇÕES DE ESU

Um mito relata como, em função de seu poder,

Esu

se descontrola, e começa a devorar

toda a preexistência, sendo então obrigado por

 

 

Orunmila

, após uma longa perseguição, a

vomitar tudo de volta.

 

Tendo sido cortado em milhares de pedaços, transforma-se no

 

 

+ 1, ou em

1 multiplicado

pelo infinito.

 

 

Neste caso, ele é Esu Okoto, o Caracol

agulha, cuja estrutura óssea

espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o infinito, e nos dá a idéia do

 

crescimento, da evolução e da multiplicação, tendo-se tornado o símbolo da restituição e

 

da recomposição, tornando-se

 

 

Oba Baba Esu, Esu agbo, o Rei e o Pai de todos os Esu

,

gerados por seus pedaços.

 

Durante muitos anos conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial,

 

religiosa na África e na região dos Yoruba que provocou guerras étnicas, fato que

 

repercute ainda nos dias de hoje.

 

A suposta ação evangelizadora desarticulou sofisticadas estruturas religiosas, imprimindo

 

aspectos negativos e demoníacos à imagem de

 

 

Esu

que, ainda hoje, habitam o universo

religioso e pratico dos mais renomados

 

 

Baba/Iya

.

A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e

 

posteriormente pela miscigenação com as seitas espíritas cristãs, permitindo assim que os

 

mais sérios seguidores do Orisa ressaltem os aspectos negativos dos demônios, referindose

 

a

 

 

Esu

como:

Exu Lucifer, Exu Tranca Rua das Almas, Exu sete poeiras do inferno, Exu Rei das sete

 

encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba Gira ou Exu Maria Padilha.

 

Os nomes e atributos deste importante Orisa do panteão Yoruba não permitem

 

interpretações errôneas como as perpetuadas pela inércia e ignorância de pseudos experts

 

em cultura Yoruba.

 

 

Nomes

Atributos

ESU YANGI

O primeiro da criação, a laterita vermelha

ESU AGBA

Aquele que é o ancestral

ESU IGBA KETA

O dono da cabaça, o Igba Odu

ESU OKOTO

O dono da evolução, o caracol.

ESU OBASIN

O pai de todos os Esu

ESU ODARA

O Esu da felicidade

ESU OJISE EBO

O Esu que leva as mensagens ao Orisa

ESU ELERU

O Esu que leva o carrego dos iniciados

ESU ENUGBARIJO

O Esu que trás a prosperidade

ESU ELEGBARA

O Esu que detém o poder da transmutação

ESU BARA

O Esu dono do movimento do corpo humano

ESU OLONAN

O dono de todos os caminhos

ESU OLOBÉ

O dono da faca ritual

ESU ELEBÓ

O Esu que recebe as oferendas

ESU ODUSO

O Esu que vigia os oráculos

ESU ELEPO

O Esu do azeite de dendê

ESU INA

O Esu do fogo (saudado no Ipade)

Poderia-se fazer uma lista imensa dos nomes de Esu ancestrais cultuados no Brasil e

África, mas esse exercício é desnecessário no momento.

O mais importante é destacar as funções desses Esu ancestrais nos rituais:

Esu Yangi:

É o princípio de tudo, a própria memória de Olodunmarê, seu criador.

Esu Agba ou Esu Agbo:

É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é

retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orun.

Esu igba keta

É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira

cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

Esu ikorita meta:

É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).

Esu Okoto:

É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra,

E está ligado ao

Orisa Aje Saluga

, o antigo Orisa da riqueza dos Yoruba.

 

Esu Obasin:

É por este nome é conhecido e cultuado em Ile Ifé.

Esu Odara:

É o que, se satisfeito através do sacrificio, traz a felicidade ao sacrificante.

Esu Ojisé ébó:

É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as

súplicas a Olodunmarê.

Esu Eleru:

É o que leva os carregos dos iniciados (Erupin)

Esu Enugbarijo:

É o que devolve a todos o sacrifício em forma de benefícios.

Esu Elegbara:

É o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside na transformação das

coisas.

Esu Bara:

É um dos mais importantes aspectos de Esu, pois ele é o

Esu

do movimento do corpo

humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orun por

 

 

Obatala

, sendo "assentado"

no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orisa individual.

 

 

Esu Lonã:

É o senhor de todos os caminhos do mundo.

Esu Olobé:

É dono do obé (faca), tem que reverenciado ao começar todos os sacrifícios, onde a faca é

necessária.

Esu Élébó:

É o carregador de todos os Ébo.

Esu Odusô ou Olodu:

É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não

minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikin-Erindilogun)

Esu Elepo:

É ele que recebe o sacrifício do azeite de dendê.

Esu Inã:

É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o

dono do fogo. É a

Esu Inã

que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade,

uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso:

 

 

E Inã mojuba

Inã Inã Mojuba Aiye

Inã mojuba

Inã Inã Mojuba Aiye

 

...etc.

Outra forma de se dirigir a Esu, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a ele

 

se dirige por seus EPITETOS que , por serem mais comuns, transformaram-se

 

erroneamente em nomes: Exemplo;

 

Esu Tiriri

 

Esu Akesan

 

Esu Lode

 

Esu Barabo

 

Esu Alaketu

 

Esu Ijelu

 

Esu Bara lajiki

 

Esu Marabo...etc.