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A SOCIEDADE EGBE ÒRUN DOS ABIKÜ, AS CRIANCAS
NASCEM PARA MORRER VARIAS VEZES *
Pierre Verger
Universidade Federal da Bahia
Se uma mulher, em país iorubá, dá a luz uma série de criancas natimortas
ou mortas em baixa idade, a tradicão reza que não se trata da vinda
ao mundo de várias criancas diferentes, mas de diversas aparicões do
mesmo ser maléfico chamado abíkú (nascer-morrer) que se julga vir ao
mundo por um breve momento para voltar ao país dos mortos, òrun (o
céu), várias vezes ( 1 1.
Ele passa assim seu tempo a ir e voltar do céu para o mundo sem jamais
permanecer aqui por muito tempo, para grande desespero de seus
pais, desejosos de ter numerosos filhos vivos, para assegurar a continuidade
da família sobre a terra.
Esta crenca se encontra entre os akan, (2) onde a mãe é chamada
awomawu (ela bota os filhos no mundo para a morte). Os ibo chamam os
abíkú deogbanje, os haucás de danwabi e os fanti, kossamah (3). Sua pre-
- senca entre os Mossi foi estudada por M. Houis (4).
Encontramos informacões a respeito dos àbikú em algumas histórias
(itan) de Ifá, sistema de advinhacão dos iorubá, praticada pelos babalaôs
(pai-do-segredo) que transmitem de geracão em geracão um enorme
"corpus" de histórias tradicionais, classificadas nos duzentos e cinqüenta
e seis odu ou sinaisde Ifá (5). Oito deste itan são dados no fim destes artigo,
nos seus textos originais iorubá, com a sua traducão para o português.
Estas histórias mostram que os abíkú ou eméré (112) (6) formam
sociedades no céu (egbé òrun), presididas por lyajansa (a mãe-se-bate-ecorre)
para os meninos (V 11 112 e 76) e olókó (chefe da reunião) para as
meninas (VI3 e V111/77), mas é Aláwaiyé (Rei de Awayé) (V11/17) que
as levou ao mundo pela primeira vez na sua cidade de Awaiyé (V11118).
Lá se encontra a floresta sagrada dos abikú (V11/44), aondé os pais de
ábíkú vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo (VI 1/45,52,54.).
Quando eles vêm do céu para a terra, os ahikú passam os limites do
céu diante do guardião da porta, o aduaneiro do céu onjbodé òrun (1/5),
seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo
(I 11/9). Os que partem declaram o tempo que tencionam ficar no mundo
e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes,
essas criancas, apesar de todos os esforcos de seus pais, retornarão,
para encontrar seus amigos no céu (V/7,9).
Os abíkú podem ficar no mundo por períodos mais ou menos longos.
Um àbíkú menina chamada "A-morte-os-puniu" declara diante de
oníbodé òrun (116,161 que nada do que os seus pais facam será capaz de
retê-la no mundo, nem presentes em dinheiro, (117) nem roupas que Ihes
oferecam, (119) nem todas as coisas que eles gostariam de fazer por ela
(111 1) atrairiam os seus olhares nem lhe agradariam (1112).
Um àbíkú menino, chamado Ilere, diz que recusará todo alimento
(1117) e todas as coisas (11/10) que lhe queiram dar no mundo. Ele aceitará
tudo isto no céu.
Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta ibíkú ao mundo pela primeira
vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o
tempo que iria ficar no mundo (VI I 4, 10). Um deles se propunha a voltar
ao céu assim que tivesse visto sua mãe; (V11/10) um outro, que iria esperar
até o dia em que seus pais decidissem que ele se casasse (VI 111 1 );
um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo
filho (VI 1/15), um ainda não esperaria mais do que o dia em que comecasse
a andar (V11/16).
Outros prometem a lyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade
no céu (V 11 1/3), respectivamente, ficar no mundo sete dias, (V 1 1 111 9 ou
até o momento em que comecasse a andar (VI 11/23) ou quando ele comecasse
a se arrastar pelo chão (V I1 1/23), ou quando comecasse a ter dentes
(V111124) ou ficar em pé (V111125).
Nossas histórias de Ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento
de causa são capazes de reter no mundo esses abíkú e de Ihes fazer
esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas
idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o
tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se
arriscam a perder o poder sobre eles.
E assim que nessas quatro histórias (I, I I I, I V e V) encontramos oferendas
que comportam um tronco de bananeira acompanhado de diversas
outras coisas. Um só dos casos narrados, o terceiro, explica a razão dessas
oferendas:
"Um caçador que estava à espreita ( 1 1 1/3), no cruzamento dos caminhos
dos abl'kú, escutou quais eram as promessas feitas por três abíkú
quanto a época do seu retorno ao céu.
"Um deles promete que deixará o mundo assim que o fogo utilizado
por sua mãe, para preparar sua papa de legumes, se apague por falta de
combustível (II1/11). O segundo esperará que o pano que sua mãe utilizar,
para carregá-lo nas costas se rasgue ( 1 1111 7). A terceia (porque é uma
rrienina abíkú) esperará, para morrer, o dia em que seus pais lhe digam
que é tempo dela se casar e ir morar com seu esposo ( 1 11/22).
"O cacador vai visitar as três mães no momento em que elas estão
dando a luz seus filhos abíkú (111126) e aconselha à primeira que não deixe
se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os legumes
que ela prepara para seu filho ( 1 11/28); a segunda que não deixe se rasgar
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o pano que ela usar para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano
de qualidade diferente (dos que se usam geralmente para este fim);
( 1 11/32); ele recomenda, enfim, a terceira, de não especificar, quando
chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá ir para acasa do seu
marido (1 11/33).
As três mães vão, então, consultar a sorte, Ifá, que Ihes recomenda
que facam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de
uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste subterfúgio, que os
três ibíkú possam manter seu compromisso. Porque, se a primeira instala
um tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho,
antes que ele se apague ( 1 11/43), o tronco de bananeira, cheio de seiva
e esponjoso, não pode queimar, e o abíkú, vendo uma acha de lenha
não consumida pelo fogo ( 1 1 1/47), diz que o momento de sua partida ainda
não é chegado. A pele de cabra oferecida pela segunda serve para reforcar
o pano que ela usa para levar seu filho nas costas ( 1 11/52); a crianca
àbíkú não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder
manter sua promessa. Não se sabe bem o porque do oferecimento de um
galo, mas a história conta que, quando chegou a hora de dizer à filha já
uma moça, que ela deveria ir para a casa de seu marido (1 11/55), os pais
não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para casa dele.
Nossos três abíkú não podem mais manter a promessa que fizeram,
porque as circunstâncias que devem anunciar sua partida não se realizaram
tais como eles tinham previsto na sua declaração diante de oníbodé
bruna Estes três àbjkú não vão mais morrer. Eles seguiram um outro caminho
(I 11175,761.
Comentamos esta história com alguns detalhes porque ilustram bem
o mecanismo das oferendas e de sua funcão. ~ ã éo se u lado anedolíco
que nos interessa aquí, mas a tentativa de demonstração de que, em país
iorubá, a sorte pode ser modificada, numa certa medida, quando certos
segredos são conhecidos. No caso, as condicões nas quais os três abíkú
deixaram o mundo.
Esta noção sobre a importância de conhecer certos segredos é também
expressa na sétima história onde os abíkú combinam entre si, no
momento de sua chegada a Awayé (V11/18), preparar, cada um, quatro
vestimentas (de cor vermelha), assim como um lenço de cabeca e um boné
no valor de 1.400, cauris (búzios) para cada um. 0 s ab jkú declaram
que se alguém descobrir suas quizilas, quando eles chegarem ao mundo, e
o nome das vestes que eles combinaram fazer (V 11/22, 23), eles ficarão no
mundo.
E por isso que os babalaôs consultados (VI 1/34) prescrevem oferendas
desses objetos (V1 1/39, 41 1, a respeito dos quais os abíkú fizeram
uma combinacão (VI 1/42).
Essas oferendas são penduradas nas árvores da floresta sagrada dos
Ãbíku em Awaiyé (V1 1/46), acompanhadas de pratos de alimentos e doces
(V 11/52).
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Estas cerimônias serão feitas todos os anos pelos pais (V11/55), e
eles dancarão ao som dos tambores, cantando cancões onde falam du
"Camwood, da cor das roupas vermelhas feitas pelos ablkú, de lenços e
de bonés no valor de 1.400 caurís (búzios) cada um, afirmando, asssim,
ter conhecimento do pacto feito pelos àb&ú quando chegaram em
Awaiyé, e do seu compromisso de ficar no mundo, se os pais viessem a
saber da sua convenção. Nenhum abíkú, cujos pais fizeram estas cerimrinias,
deixará o mundo (V11168, 69) (7).
Tais oferendas são, com efeito, uma forma de expressão sem acompanhamento
de palavras articuladas; o discurso é substituído pela apresentacão
dos objetos testemunhas, provando que a oferenda conhece os
segredos, fazendo-o assim participar do pacto dos abíkú.
Entre as oferendasque os retêm aqui, em baixo, figuram, em primeiro
plano, as plantas litúrgicas. Cinco dentreelas são citadas nestas histórias:
Abíríkolo (Crotalaria lachnophera A. Rich, Papilionacaae).
Agídímagbayin (não identificada).
ldí (Terminalia ivorensis, A. Chev, Combretacae).
lja agborh (não identificada).
Lara pupa (R icinus communis Linn, Euphorbiaceae).
Citemos ainda duas plantas frequentemente utilizadas para reter os
abíkú e que não figuram nessas histórias:
Olobotuje (Jatropha curcas - LINN Euphorbiaceae).
Opá eméré (Waltheria americana LI NN, Sterculiaceae).
A oferta destas folhas constitui uma espécie de mensagem e é acompanhada
por encantamentos (ofó); os textos de algumas delas figuram
nos textos apresentados no fim deste artigo.
Resumamos aqui:
Ewé abíríkolo, insinkú òrun e pèhinda (Vl51, 53)
Folhas d'abiríkolo, coveiro do céu, voltai.
Ewé agidl'magbayin, Olorun máa ti 'kun, a o kú mó (I V121, 23)
Folha de agidímagbayin Olorum fecha a porta (do céu) para que não
morramos mais.
Ewé id í I'ori ki onà òrun tèmi o dí (V1126)
Folhas de idl: dizei que o caminho do céu está fechado para mim.
Ewé ijá agbonrín, não ande pelo longo caminho que conduz ao céu.
Ewé lara pupa ni osún awón àbíkú. (V1133, 34)
A folha de lara vermelha pe o cânhamo dos abíkú.
Olobotuje má jé ki mi bí àbíkú omo
olobotujé &b 17-teiKe parir filhos àbíkú
opá eméré ki pé t í f i kú, yio máa eu ni, nwon ni, nwon bá ríòpá eméré
Vara de eméré não os deixe morrer, isto Ihes agrada, ver a vara de eméré.
Notar-se-ão as açsociacões de som que intervêm em algumas dessas
f0rrnulas de encantamento tais como a última sílaba de ljá agbonrín e o
verbo rlh idl' é do mesmo modo associada ao verbo dí, fecha (o carninho
do céu), além disso, esta história faz parte do signo Òdíméji onde se
reencontra a mesma sílaba atuante; para a folha lara pupa, um jogo de
palavras é feito entre o nome da folha lara e l'ara, o corpo (da criança).
Em país iorubá, os pais, para proteger seus filhos àbíkú e tenta; retê-
los no mundo, podem se dedicar a certas práticas, tais como fazer incisões
(cortes) nas juntas da criança (VI 111 4) e aí esfregar um pó preto, feito
de folhas litúrgicas, queimadas para esse fim, ou ainda ligar à cintura
da criança um 6ndè (V1/20, 21 ), talismã feito desse mesmo pó negro,
contido num saquinho de couro.
A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas fórmulas de encantamento,
é introduzida no corpo da criança por incisões e fricções, e
a parte do pó preto, contida no saquinho do òndè, representa uma mensagem
não verbal, uma espécie de apoio material e permanente da mensagem
dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostís, sendo
essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra (8).
No canto da oitava história, são feitas alusões aos xaorôs, anéis providos
de guizo, usados nos tronozelos pelas crianças abikú, para afastar
os companheiros que tentam vir buscá-los (9) no mundo e lembrar-lhes
suas promessas (V I I 1/57, 64 I.
De fato, seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falt
a de palavra dos abíkú, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos
e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs.
0 s membros da sociedade dos àbíkú, egbé ará òrun, vêm do céu residir
nos lugares pantanosos ( 1 1/28) ou nos regatos ( 1 1/46, V/20), donde
chamam as crianças que querem ficar no mundo. Vão também ao pé dos
muros (11/47), lá onde vão esvaziar as sujeiras (11148). Ficam nas salas onde
as pessoas se lavam (balùwe) no fundo das casas (I11/63), que são lugares
frescos, onde é enterrado iwo, a placenta dos recém-nascidos, colocadas
num vaso isásun, coberto de folhas de palmeira desfiadas, chamadas
mariwó e caurís (búzios). Isso se chama orisun, a arigem da criança, e
esse lugar é saudado com a seguinte frase: Baluwe, nlé o, o tó omo, at'idí
jegbin omc tuntun Olá, sala de banho, fonte de origem da criança, come
as sujeiras da criança recém-nascida), fórmula que, por um curioso resumo,
associa as noções de especulações mui respeitáveis sobre a origem
dos seres humanos às das funções orgânicas.
Nem sempre essas precauções e oferendas são suficientes para reter
as criancas abíkú sobre a terra. lyájanjasa é muitas vezes mais forte.
Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter (V I1 1/46, 47) e porá
a perder tudo o que as pessoas tiverem preparado (V11 1/48, 49). Contra
os ab/kú não há remédios. lyájanjasá os atrairá a forca para o céu
(V111/35, 69). Os corpos dos abíkú que morrem assim, são frequentemente
mutilados, a fim de que, dizem, eles percam seus atrativ.0~ e seus
companheiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo para que
o espírito do àbíkú, maltratado deste modo, não deseje maisvir ao mundo.
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Essas criancas abíkú recebem no seu nascimento, nomes particulares.
Damos no fim deste artigo uma relacão de alguns desses nomes acompanhados
de suas saudacões tradicionais. Eles podem ser classificados:
quer nomes que estabelecem sua condicão de abíkú (6, 7, 8, 18,36,
38); quer em nomes que Ihes aconselham ou Ihes suplicam que permaneçam
no mundo (2, 9, 11, 13, 14, 16, 17, 23,25, 26, 32, 33, 34, 30);quer
em indicacões de que as condicões para que o abikú volte não são favoráveis
(20, 21, 22, 27, 28, 29, 37, 39, 42); quer em promessas de bom tratamen
to, caso eles fiquem no mundo (5, 12, 15).
A freqüência com que se encontra, em país iorubá, esses nomes em
adultos ou velhilhos que gozam boa saúde, mostra que muitos abikú ficam
no mundo gracas, pensam as almas piedosas, a todas essas precauções,
à acão de Orúnmilà, e a intervenção dos babalaôs.
NOMES DADOS AOS ÃBíKÚ
Aiyédun - A vida é doce (NT)
Aiyédun, a vida é doce, venha conhecer nossa sociedade
Aiyélagbe - Nós ficamos no mundo
A iyélagbe, não parta, não se vá
A já - Cão
Cão, não quebre a corda, perdão, não se va
Ajéigbe - A riqueza não está perdida
Ajéigbe vai chegar, a riqueza não se perderá
Aklsatán - Não se usarão mais farrapos
Aklsatán eu não verei mais amarrar as roupas, Akísàtán não parta
mais
Akújí- O que está morto, desperta
Akúji, faca sortes de prestidigitacão
Apara O que frequenta minha casa
Apara, não fique indo e voltando
Aybrunbò - Vá ao céu e volte
Ayorunbo crianca que cobre o corpo de terra
Bánjókó - senta-se comigo
Bánjókó, senta-se, repousa
Dúróddlú - Espera o Senhor
Dúródólú, teu senhor está a caminho
Dúrójaiyé Fica para gozar a vida
Fica para gozar tua vida, fica ainda, Durojaiyé
Dúrdorlike - Fica, tu serás mimada (nome para uma menina àbíkú)
Fica, tu serás muito mimada neste mundo, Obróoríké
Dúrósnm í - Fica, para me enterrar
Fica, para me enterra, não durmas em vão, Dúrósihmi
Dúrósomo - Fica, para fazer filhos
Fica para fazer filhos no mundo, não faça filhos no céu Dúrósomo
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Dúrótoye - Fica para receber um título honorífico
Fica, para receber um título, não vá ao céu de tarde
Dúrówòjú - Fica para olhar nos meus olhos
Fica, para olhar nos olhos de teu pai e tua mãe, Dúrówòjú
Ebelokú - Suplica para que fique
Suplica para que fique, suplicante está a criança, Èbelokú
Enílolobò - Alguém que partiu, volta
Alguém que partiu, volta, alguém semelhante chega
Enúnkúnoníipe - O que consola está cansado de oferecer condolências,
iso o cansa Enúnkúnonjipe
lgbéko yl'j - O mato recusou este aqu i,
igbékoyií, o mato recuspu mesmo este aqui'
I kúfor~/ in- A morte perdoou
Meu lkúforoin, tua cabeça não vai mais morrer
Ilètán - A terra acabou (não há mais terra para enterrá-lo)
A terra acabou, não vemos mais possibilidade de enterrá-lo
Jéaríobé - Deixa-nos pedir-te
Deixa-nos pedirte, se te pedimos que nos escute, Jéaríobé
Kíké - Indulgente
A crianca é indulgente, Ki ké
Kòjékú - Não consinta em morrer
Não consinta em morrer, nós o prendemos na terra
Kòkúmó - Não morra mais
Kòkúmó, oh filho do segredo!, não morra mais, fique sobre a terra
Kòníbírè - Não há mais lugar para ir (fora deste mundo)
Kòníbíre não vê lugar para ir
Kèsílè - Não há terra (onde enterrar)
Não há terra, não vemos mais possibilidade de lhe enterrar, Kosjle
Kòsókó - Não há enxada (para cavar o túmulo)
Não morra, não há enxada para cavar a terra Kòsókó
Kúmápdy i i - A morte não leva este daqui
Kumápáyl'í que bebe água na cabeça dos mortos, se ele a usa, a
batalha será hoje mesmo
Kúti - Ele não está totalmente morto
A morte empurra para o mundo, não vá para o céu, morte, empurre
para o mundo
Mákú - Não morra
Não morra, mulher do babalaô, Mákú não morra
Malomó - Não te vás mais
Não te vas mais, retorna, Málomò
Mátanmi - Não me decepciones
Eu terei notícias tuas, não me decepciones, eu terei tuas notícias,
não partas
Obísèsan - Nascido para a vingança
Obísèsan vem fazer a vinganca do bem para o mundo
36 Okúsèhíndé - O cadáver volta
37 Orúkotán - O nome acabou
Orúkotán, seu último nascido, Orukotán
38 Omotúndé - A crianca voltou
A crianca voltou,. ela não será mais Àbl'kú, Ornotúnde
39 Orunkún - O céu está cheio
O céu está cheio, não te vás mais, Orunkún não te vás mais, ele ficou
40 Rótimi - suporta-me
Rótimi boa vinda, bom filho, Rótimi boa vinda
41 Tanímòwò - Quem sabe cuidar dele?
Quem sabe cuidar dele, se não o senhor, Tanlmòwò?
42 Tijúikú - Envergonhado da morte
Tijúikú não deixa a morte te matar
É PRECISO CUIDAR DOS ABli<Ú, SENÃO ELES VOLTAM PARA
ri, cíu
A morte não deixa a criancinha ser forte
Fl.!i~eraisn ão deixam ernerè ficar velho
Ifá foi consultado para "A-morre-os-puniu" (nome do abíkú)
qur 6 filha de funerais
5 Quando "A-mori-e--os-puniu" cheça ao mundo, e!a vai perto do
gi13rdião da porta
El? diz, ela vai ao mundo
Ela diz qiit! mesmo vocês (meus pais) lhe dessem dinheiro
Ela diz qbz nSo olhará para trás (não ficará)
Ela diz que !mesmo) que eles quisessem lhe dar vestidos
10 I I?toi não 3trairá OS seus olhares
Ela diz que se eles fizessem coisas para ela
Ela ciiz (isto! nao lhe agradar-ia
Ela diz que todss :I.< coisas cylie fizeram para ela completamente
Ela diz que, simplesmente, o5 jogará fora
15 Ela diz que o dinheiro que eles quiserem gastar
Ela diz que será dinheiro perdido
O guardião da porta diz, nPo é bem assim
Há! diz ela, é assim que ela vai fazer
Ele diz, entãù está bem
20 Ele diz, quando voc? vai voltar?
Ela diz que no momento em que ela agradar a todos (seus pais)
Ele (áb/kC) r a trairá para o céu
No momento em que eles (seus pais) fizerem coisas para ela
Ela diz, neste momento ela voltará
145
O guardião da porta diz, está bem então
Quando "A-morte-os-puniu" chega ao mundo
Sua mãe toma dois e aí junta três (ela consulta Ifá)
Esta menina poderá ficar com ela?
Eles (os babalaôs) mandam que ela faca oferendas para esta crianca
Eles dizem, ela e um abfiú verdadeiro
Eles dizem, ela se chama "A-morte-os-puniu" (lkú-;é-nwon-niya)
Eles dizem, faca rapidamente oferendas para ela
Eles dizem que e'sta menina não.será capaz de deixar o mundo
Eles dizem que ela pegue um galo
Eles dizem que ela pegue um bode
Eles dizem que ela tenha um tronco de bananeira
Eles dizem que ela tenha uma folha de abíríkoío
Sua mães grita hurra! nada acontecerá a esta menina
Eles dizem que ela pegue um bode
Eles dizem que ela pegue um tronco de bananeira
Eles dizem que ela pegue uma folha de agidimagbayin
Eles dizem que ela pegue uma folha de abirikolo
Sua mãe grita hurra! nada acontecerá a esta menina
Quando esta crianca chega na idade
Quando ela chega na idade de ir a casa de seu marido
Acontece que esta menina pensa repentinamente
Quando ela pensa repentinamente, ela fica com dor de cabeca
Antes do cair da noite, ela tem dores no ventre
Antes da aurora "A-morte-os-puniu" vai morrer
Sua mãe vem gritar, ela diz ah!
Ela diz, assim os babalaôs disseram
A morte não deixa a criancinha ficar forte
Funerais não deixam eméré ficar velha
Ifá é consu Itado para "A-morte-os-pu niu"
Que é filha de funerais
Ela diz, seu olho a faz olhar aqui e lá
Ela diz, seu olho está brilhando (de lágrimas)
Ela diz, seu rosto está coberto d'água, ela chora
E assim que (quando) esses abfiú vêm ao mundo
(E) vão dar adeus diante do guardião da porta
Eles dizem que esta pessoa fará qualquer coisa para eles
Eles não serão capazes de ficar quando chegar a hora
Em que as pessoas cuidem bem deles
Porque quando as pessoas são atraídos por eles (gostam deles)
Neste momento, eles querem deixar as pessoas.
OFERENDAS PODEM RETER ABÍKU NO MUNDO
A dificuldade atinge repentinamente alguém
A desgraca sobre alguém
Ifá é consultado para llere
Que é o filho de O b i r ~ nab ata (mulher pântano)
5 llere diz que vai ao mundo
Diz que se ele chegar ao mundo
Diz que toda a comida que lhe derem
Ele diz, ele não a comerá
Ele diz, (esta) dádiva ele a comerá no céu
10 Ele diz, todas as coisas que quiserem lhe dar
Diz que não as aceitará
Ele diz, (estes presentes) no céu ele os aceitará
Diz que não há coisas que o possam reter
Quando ele chegar no mundo
15 Esta crianca é capaz de não morrer assim?
Ha! Dizem, eles (os pais) farão uma oferenda, ele não vai morrer
Eles dizem, a menos que eles não tenham um vaso novo
Eles dizem que eles tenham todas as coisas que a boca come
Que eles tenham um tecido vermelho
20 Eles dizem, que ele tenha uma tampa de panela, cânhamo (osum),
sabão, esponja
Eles dizem quando eles tiverem oferecido tudo isso
Eles dizem que o colocarão rio abaixo
Eles dizem que lá estão seus companheiros que o vão chamar e
matar
Eles dizem, é lá que eles vão ficar
25 Quando eles tiverem prontos, trarão as coisas para oferecer
Quando eles trouxerem estas oferendas
Seus companheiros o esperarão e não o verão chegar
Eles irão ao local pantanoso
No lugar onde se reúnem para se dizer adeus
30 Eles comecarão a chamá-lo
Eles chamarão llere, Ô llere Ô -
Para que eles Ihes responda
Ele diz, assim os babalaos disseram
A dificuldade encontra alguém de repente
35 A desgraca cai sobre alguém
Ifá é consultado para llere
Que é filho de Obl'rin abatá
Ele diz, quem chama Ilere
Ele tem bracos fortes, pés fortes
40 Eles ouvem, eles dizem ah!
Seus companheiros não vêm ainda
Eles voltam
Sua fam il ia fez oferendas
Ele não vai morrer
45 Se é um àb/kú
Motivo pelo qual esses abíkú vão ao riacho
Ou olham o muro
Ou vão ao monte de estrume
Se os àb;kú chegam
58 (e) dizem que têm dor de cabeca
Seus companheiros vêm pegá-lo
(Mas) Aqueles para quem foram feitas as oferendas
Não abandonarão mais as pessoas
SUBTERFÜGIOS PARA RETER OS ABIXÜ NO MUNDO
Osé Omolu oh! a crianca tem um segredo
Ifá é consultado pelo cacador que está à espreita
Que está à espreita na encruzilhada dos caminhos de àbíkú
Eles (os babalaôs) dizem, tu que estás à espreita
5 Eles dizem, teu olho verá muitas coisas hoje
Quando o cacador que está de tocaia no mato
Ele vê três (àbíkú) vindo ao mundo
Quando eles vêm ao mundo
Eles comecam por dar adeus diante do guardião da porta
10 Um diz que vai assim ao mundo
Diz que a lenha que seus parentes usarem
(para preparar sua papa (de legumes)
Ele diz que no dia em que ela acabar de queimar
Ele diz, neste dia ele voltará, voltará para o céu
O guarda da porta diz que entendeu
15 O segundo (àbíkú) aparece lá e diz adeus
Diz que vai assim ao mundo
Diz que o tecido que (sua mãe) utilizar para carregar as costas
Ele diz no dia em que este pano estiver estragado
Ele diz neste dia ele voltará para o céu
20 A terceira (àbíkú) chega lá
Ela diz que vai assim ao mundo
Ela diz que no dia em que seus ais lhe disserem para ir a casa do
seu marido
Ela diz neste dia ela voltará para o céu
Quando o cacador retorna a sua casa
25 Ele fica sabendo que estes três (abíkú) nasceram em suas casas
Ele vai visitar as três mães
Diz a primeira, tu que puseste um menino no mundo
Ele diz, não deixes que a lenha debaixo da panela da papa de legumes
de seu filho, se queime completamete
(Senão) esta crianca vai morrer
30 Diz, tu que deste a luz a segunda
Ele diz, o pano que usares para levá-lo nas costas
Ele diz, não deixes que se rasgue, usa um diferente (dos outros)
(Senão) esta crianca vai morrer
Ele diz tu que pariste a terceira
35 Ele diz, se é tempo de levar tua filha para o marido
Ele diz não te arrisques a indicar o dia, e dizer que neste dia tu a levarás
a casa do seu marido
(assim) esta crianca será capaz de ficar no mundo
As três mães dizem que entenderam
Elas consultam Ifá
40 Quando elas chegarn jbnto do babalaô
Eles encontram (o si&..l) Osé omolu
Eles (os babalaôs) dizem que elas tenham um tronco de babaneira
Eles dizem que elas tenham uma cabra como oferenda
Eles dizem que elas tenham também urn galo
45 Eles dizem quando elas tiveram aceso o fogo sob a panela que cozinha
Eles dizem, se o fogo quker morrer, que elas juntem um tronco de
bananeira
Quando o ábjku olhar oembaixo da panela, um acha
Ah! diz ele, o fogo não está quente
Elas fazem assim (continuamente)
50 Esta crianca não vai mais morrer
Eles dizem que elas arranquem a pele de uma cabra
Eles dizem que elas costurem sobre o pano que a mãe usa para levar
o filho nas costas
Quando chegar a hora (do abíku) dizer se o pano está estragado, ele
voltará para o céu
Quando ele olha o pano atrás, ele não esta rasgado ( e não tem furos)
55 Ele diz que a hora ainda não chegou
Esta crianca não vai mais morrer
Quando é chegado o momento de dizer que é tempo de ir à casa do
marido (e) de morrer
Nesta hora, seus pais não lhe dizem nada
Um dia eles a tomam bruscamente e a levam (para a casa do marido)
149
60 Ela não vai mais morrer
Ela diz Ah! Eles seguiram outro caminho
Quando seus companheiros (abíkú) os esperam assim (e) não os
vêem chegar
Seus comoanheiros (abiku) vêm ficar atrás da casa
Eles os chamam
65 Eles os chamam todos os dias
Estes três (abikú) vêm responder a seus companheiros
Eles choram para voltar para junto deles
(Canto1
0sé omolu oh! a criança tem um segredi
Vocês dizem a lenha não se queimou, oh! a criança tem um segredo
Osé omolu ah! a criança tem um segredo
Vocês dizem, o pano não se rasgou, oh! a criança tem um segredo
Òsé omolu, oh! a crianda tem um segredo
Vocês dizem que levam a criança à casa do marido, oh! a crianca
tem um segredo
Osé omolu, ah! a criança tem um segredo
(fim do canto)
Estes três ibíkú não vão mais morrer
Eles seguiram outro caminho
MOSETAN FICA NO MUNDO
Levanta-te, levanta-te beleza, levanta-te
lfá foi consultado para Mosétán (eu acabei 1
Que é a filha de Blóje Okoso
Eles (os babalaôs) dizem que Mosetan venha fazer oferendas
5 Dizem que seus compant-+eiras que ela vê em sonhos
Que eles não sejam capazes de aprender fora do mundo
Eles dizem que ela pegue um tronco de bananeira
Dizem que ela pegue uma das suas tangas
Eles dizem que ela pegue um galo
10 Eles (os pais) fazem a oferenda
Quando eles fazem a oferenda, eles colhem as folhas de Ifá (agídímagbayin
1
Quando acabam de colher, eles vão com seu tronco de bananeira
Com sua tanga, com as folhas de Ifá
Ela não vai mais morrer
15 Ela não verá mais as coisas más
Eles dizem assim dizem os babalaôs
Levanta-te, levanta-te beleza, levanta-te
Ifá foi consultado para Mosetán
Que é a filha de Olojé Okosó
20 Crianca que recebe pedacinhos (de comida) na boca
Olorum fecha a porta (para) que não morramos ma.iç
A mão (encontra) as folhas de agídímagbayin
Olorum fecha a porta para que não morramos
Assim fala Ifá
25 Ifá diz que a crianca vê coisas más em sonhos
Que a crianqa chama seus companheiros (abíkú)
Que els não serão mais capazes de prendê-la (fora do mundo)
Òtua tem um segredo, talvez ele seja ativo
Ifá é consultado para Olóiko
Que é o chefe da sociedade (dos abíkú) no céu
Que do céu parte para o mundo
5 Quando Olbikb se vai, os abjkú dizem assim:
Tu Olóikò que partes assim, não fiques muito tempo (ausente)
Se eles lhe promete que não ficará muito tempo (ausente)
Quando chegar a hora, (ainda que) os pais tenham feito muitas oferendas
para que eles fiquem
Estas crianças não escutam. Elas se vão
10 Estes seres são chamados Abíkú
Quando Olóiko se vai
Eles, (os abíkú) dizem, tu Olóiko
Eles dizem, tu partes assim
Dizem, esta é a tua cadeira
15 Dizem, ninguém (além de ti) pode se sentar nela
Ele (Olóiko) diz, ele se vai
Eles dizem que quando chegar ao mundo
Dizem que não se esqueca deles
Quando ele chegou ao mundo, ele os esqueceu
20 Seus companheiros chegam a beira do regato
Eles chamam Olóiká, Olóiko, Olóiko
Olóiko escuta, (mas) não responde
Os pais de Olóiko correm a procura dos babalaôs
Eles dizem que Ifá os ajude
25 (Que) este Olóiko não seja capaz de morrer
Seus companheiros o chamaram, que ele não seja capaz de encontrá-
los
Eles (os babalaôs) dizem que sua cadeira está no meio de seus compan
heiros
Dizem, porque os pais tomam cuidado ele não vai morrer
Eles mandam que façam oferendas
151
30 Dizem que (eles dêem) um tronco de bananeira
Dizem que (eles dêem) um pombo
Dizem que (eles dêem) todas as coisas que a boca come
Dizem (que eles dêem) 1200 caurís (búzios)
Dizem que preparem um pano branco
35 Quando eles acabam de preparar, pegam todas as coisas e as amarram
juntas
Amarram estas oferendas como se fossem para funerais
Eles procuram um lugar perto do rio onde enterram as oferendas
Quando eles acabam de enterrar
0 s companheiros de Olóiko chegam pertinho
40 Como eles ficam ali perto
(e) vêem que trazem uma oferenda
(e) que cavam a terra e ali enterram (alguma coisa) como um caixão
de defunto
Quando acabam de enterrar
0 s companheiros de Olóiko chamam de novo : Olóiko, Olóikó, Olóikó
45 Os pais de Olóiko vão consultar Ifá para ele
Eles vão colher folhas de ablí-íkolo como oferendas
Quando eles acabam de colher as folhas
Eles esfregam todo o corpo (de Olóiko) com elas
Quando o corpo está completamente esfregado
0 s pais comecarn a cantar assim
"Porteiros do céu, voltai
FOI ha de ablí-íkolo)
Porteiros do céu, voltai"
Quando os porteiros do cé ouvem o canto que eles cantaram neste
dia
Que afasta as pessoas de sua sociedade do seu corpo (de Olóiko)
Porque se abíkú vem
Se (as pessoas) lhe fazem oferendas
Ãbíkú não tem mais (nenhuma chance de ir (para o céu)
ASEJEJEJAIYÉ FICA NO MUNDO NA DECIMA SEXTA VEZ QUE
ELE VEM
Ifá foi consu Itado para Òrunnmila por causa de seu filho Asejéjejaiyé
(E) a partir de Asejéjejaié que Orunmild prende ab;kÚ no mundo
No Odu de Ifá, Òdí meji
Asejéjejaiyé é o nome da crianca que Orunmila, que teve naquele
tempo
5 Ele, causa muitos aborrecimentos a Orunrnila, porque é a décima
sexta vez que vem ao mundo e morre
E então que Òrunnmila descobre suas manhas
Este Asejéjejaiyé chegou pela décima sexta vez
Òrunmila diz. Ah! este ó décimo sexto
152
Esta crianca não deve ser capaz de ir assim
10 Eles (os babalaòs) dizem que Òrunrnila prepare a folha idi e tudo
O mais
Eles dizem que Orunmílà queime tudo
Depois que Orunnmila queimou (para reduzir a um pó preto)
Eles dizem que Òrunmilà faca incisões nas juntas do corpo (de
A seJéjeja y ié
15 Que faca também incisões no seu rosto
Õrúminnla faz as incisões e (esfrega o pó)
Quando Orunmilà acaba de fazer as incisões
Eles dizem, esta crianca não conhece mais o caminho do céu (da
morte)
Dizem que ele pegue o resto (do pó negro)
20 Dizem que com ele confeccione um óndè (talismã)
Dizem que o amarrem a cintura da crianca
Dizem, ele não é mais capaz de partir
Dizem, o caminho do céu não foi feito para ele
Como eles colheram esta folha neste dia, eles dizem
25 A folha id/diz que o caminho do céu está fechado para esta pessoa
A folha idídiz que o caminho do céu está fechado para mim
Que eu não morra em minha juventude
A folha de iJá agbonrín não caminha ao longo do caminho que leva
ao céu
Que eu não morra, que eu não siga o caminho do céu na minha juventude
30 A folha de ija agbonrin não caminha ao longo do caminho que leva
ao céu
Eles dizem, não siga, pois o caminho do céu na sua juventude
A folha /ara pupa é o "cânhamo" (osun) dos ab/'kÚ
A crianca que esfrega seu corpo com a folha de /ara pupa não volta
para o céu
Ele (Òrúnmllá) diz que esfregou o corpo do seu filho com a folha
( Ia ra
35 Diz, e quando ele crescer
e quando se tornar um adolescente
e quando ele for pai
Ele diz, ele não vai morrer na sua juventude
Nós pronunciaremos esse encantamento assim
40 Se alguém era abikú que vai e vem, que vai e vem
Se nós pudermos fazer incisões (sobre seu corpo e esfregar nelas o
pó preto)
Se nós confeccionarmos um Ònde que predemos a sua cintura
O caminho do céu ficara então fechado (para esta crianca) neste
tempo
OSÃBíKU CHEGAM AO MLJNBQ PELA PRIMEIRAVEZ EM AWAIYÉ
Mato pequeno, mato pequeno
Escuridão escura
Quem conhece o trabalho da escuridão não procura atrapalhar a lua
Ifá foi consultado para Aláwaiyé que vem do céu ao mundo
5 Que leva 280 abikú para a terra
Quando Aláwaiyé chega
Ele é o chefe dos abikú no céu
Ele chama então os abjkú para que venham
Quando eles chegam na barreira do céu
10 Cada um declara o tempo que vai ficar (no mundo)
Um diz que, assim que ele tiver visto sua mãe, ele voltará
O outro que, no momento em que marcarem o dia do seu casamento,
ele voltará
Uma outra que, quando tiver posto um filho no mundo, ela voltará
Outro diz que', qùando tiver sonstruído uma casa, ele voltará
15 Outro diz que, quando seus pais conceberem de novo, ele voltará
Um outro que, quando comecar a andar, ele voltará
Quando eles chegam, Aláwaiyé está no comando dos ab;kú
Quando eles chegam, vão primeiro a Awaiyé
Eles dizem que farão, cada um, quatro vestimentas (cor de)
Eles dizem que prepararão um lenco de cabeca (do valor de) 1400
caurís
Dizem que preparam um boné (do valor) de 1400 caurís
Eles dizem que, se alguém conhecer suas proibicões quando eles
chegarem ao mundo
Se alguém conhecer o nome das vestimentas que eles combinaram
fazer
25 Eles dizem, se sua mãe soubesse das coisas combinadas
Eles dizem, eles ficariam perto dela
Eles dizem, se seu pai soubesse, eles ficariam perto dele
Quando eles chegam a Awaiyé
Alawaiyé firmemente os leva ao mundo
30 Ele vai a primeira vez, ele se vai de novo
Ele vai a segunda vez, ele se vai de novo
Ele vai a quarta, quinta, sexta vez,
Quando chega a sétima vez
A gente de Awaiyé vai consultar o babalaô
35 Seu filho será capaz de não ir mais?
Se alguém dá nascimento a um abikú
154
Se ele quer prendê-lo de tal modo
Que ele não queira mais partir de novo
Que prepare um lenco de cabeca (no valor de) 1400 caurís
40 Que prepare um boné (no valor) de 1400 caurís
Que prepare também um tecido (cor de) osun
(estes são os objetos sobre os quais eles (os àbíkús) fizeram uma
combinacão
Eles fazem uma roupa para ele (ablkú) neste pano (vermelho)
Eles têm uma floresta para si'em Awaiyé
45 Lá eles oferecem tudo
Dizem que ele (o pai ou a mãe) vá pendurá-Ia numa arvore na floresta
dos abíkú
Quando eles terminam de pendurar
Dizem todos a suas mães e seus pais
Que facam uma cerimônia para eles
50 Que dancem para eles
Que batam tambores para eles
Que preparem ekeru, akara, òlè, cana de acúcar, amendoins, doces
Que preparem esponjas e sabão
Que preparem todos os tipos de legumes
55 Eles dizem, se quiserem fazer isso todos os anos
Dizem que eles não partirão mais
Quando eles voltarem, eles dancarão aqui e lá
Terão tambores iyá dundún
Eles cantarão
60 "Esfreguemo-nos de Osun para o chefe da sociedade
Lenco na cabeca (do valor de ) 1400 caur is
Esfreguemo-nos de Osun para o chefe da sociedade
Boné (no valor dei 1400 caurís
Esfreguemo-nos de "Osun" para o chefe da sociedade
65 Esfreguemo-nos de "Osun" para Aláwaiyé
Esfreguemo-nos de "Osun" para o chefe da sociedade
Dancarão suas dancas
Eles dizem, se suas mães e seus pais fazem a cerimônia
Eles dizem, nenhum dos que são abl'kú não os deixará no mundo
IYAJANJASA NÃO DEIXA OS ÃBÍKÚ FICAR NO MUNDO
Guizos pequenos
Há muitos guizos pequenos
Ifá foi consultado para fya;an;isá que chefia a sociedade (dos abtkú
no céu)
155
Quando eles se reúnem (e) ela está chefiando a sociedade
Se estes ab/kú vão e vêm
Eles entregam sua mensagem a iyájanjasá
Se eles se vão, eles lhe dizem onde vão
Quando chegam eles dizem também a lyájanjasá
No momento exato em que ryájanjàsá
No momento exato em que iyájanjasá vem ao mundo
Eles dizem, tu és nosso rei (rainha)
Dizem que são os filhos de sua sociedade
Eles dizem, não permitem que ela venha ao mundo
Eles dizem, porque se ela vai ao mundo
Eles dizem, eles não encontrarão mais a quem entregar suas mensagens
Eles dizem, por isso iyájanjisá não irá ao mundo
iyájanjasá diz não faz mal
Diz que todos os que quiserem ir ao mundo, vão ao mundo
Diz que todas as criancas da sociedade vão ao mundo
O que quiser ficar sete dias no mundo,
Que diga que, no sétimo dia em que o tenham posto no mundo
Ele virá entregar uma mensagem a ti, a ti iyájanjasá
Ele virá entregar uma mensagem a ti, a ti li/ájanjasá
O que chame no momento em que for andar
O que chama no momento em que for engatinhar
Aquele que diz no momento em que for ter den$es
Aquele que diz no momento em que se puser em pé
Que ele venha entregar a mensagem a lyájanjasá
Eles prometerão, todos, assim,
No local em que iyájanjàsá está na sua chefia
Quando eles tiverem feito sua promessa a iyájanjasá
Eles farão as coisas que eles tenham determinado assim
Se o tempo é quase chegado
Que seu rei os espera
(e) ele não os vê ainda (chegar)
lj/ájanjasá usará de truques para os procurar
Eles também a procuram
iyájanjasá atrai estes ab /kú ao céu
O que disser que nãoencontra o caminho (do céu)
lj.4janjasá o ajudará (a encontrá-lo)
O que disser que não quer vir
Que as pessoas da terra consultaram Òrúnmila
E (que ele) os ajuda para que fique
iyájanjasá é perturbada por Òrúnmila
a respeito das criancas de sua sociedade que vão ao mundo
O que lhe prometeu voltar para junto dela
45 Que não vem mais, ela o tomará a forca
Todas as coisas que as pessoas fizerem para ele
Ela não as deixa agir
Todas as coisas que as pessoas fizeram para ab;kú
iyájanjasá as estraga
50 Eles dizem que contra abl'kú não há remédio
Porque todas as coisas que quiserem fazer para lhe agradar (ao abjkú)
lyijanjasá as estragará
Quando lyálanjasá os procurar aqui e acolá
Este filho da sociedade quer ir para o céu
55 Ele procura também iyájanjasá
Eles cantam esta cancão:
"iyájanjasá, pequenos guizos
Há muitos guizos pequenos
Eu busco minha sociedade (e) vou a Ofa, pequenos guizos
60 Há muito guizos pequenos
Eu busco minha sociedade (e) vou a Or9, pequenos guizos
Há muitos guizos pequenos
/Yájanjasá pequenos guizos
Há muitos guizos pequenos"
65 Quando tiverem cantado assim
Esta crianca, que é membro da sociedade dos abjkú
Que não encontrou, rapidamente, o caminho (do céu)
Virá cantar, dizer que
iyájanjasá a ajude a chegar ao céu
70 No lugar onde lyájanjasá gosta de ficar
Se ela puder ouvir este canto
Ele virá logo, correndo
Ela buscará, então, um meio de ajudar,
O filho de sua sociedade a encontrá-la no céu
75 Dizem que (contra) abíkú não há remédio
1-yá~anjaseás ta na frente da sociedade dos ibl'kú machos
Qloikó está na frente das abl'kú fêmeas
Se vides que uma crianca macho ganha idade
E que morre no momento de se casar, é pelo poder de lj/ájanjdSá
Tal é a história de iyájanjasá que chefia sua sociedade
e de como ela ajuda as criancas de sua sociedade (e) as atrai para o
céu
E (de ela estraga OS remédios dos que tomam conta deles
(tirado) do odu de Ifá irete
NOTAS
(1) As ,palavras em iorubd estão transcritas de acordo com as normas ortogrdficas dessa Itngua
( 2 ) DEBRUNNER, Witchcraftin Gana. Accra, 1959. p. 43
(3) Sunday Times. Lagos, 7 apr. 1968.
(4) HOUISI M. Le non individuel chez les Mossi. Dakar, IFAN, 1963. Cap, 5.
(5) MAUPOIL, 0. La geomancie à I'ancienne Cbte des Esclaves. Paris, Institut d'Ethnologie de
I'Université de Paris, 1943.
(6) 0 s algarismos romanos indicam os das histórias publicadas no fim do artigo;os algarismos
arábicos remetem para as linhas destas histórias.
(7) As cerimònias para os abíkú parecem ser pouco frequntes entre os iorubás; a única a que
assisti aconteceu entre os gun, em Porto Novo. Ela me tinha sido indicada por Mille M. J.
Pineau que fez um estudo sociologico de um bairro da cidade para a ORSTOM. Tratavam-se
de oferendas de alimentos feitos aos dbíkú em conjunto com osgèmeos, ibeji, ligando num
mesmo culto as crianças que não querem ficar no mundo e as que vêm duas ao mesmo tempo,
singularizando-se uns e outros, pelas circunstâncias excepcionais de seu nascimento, A
cerim0nia era feita pela tanyinonm encarregada do culto aos deuses protetores de uma famíiia
tradicional do bairro HouBta. Num canto da peça principal, oito estatuetas de madeira de
cerca de vinte centímetros de altura eram colocadas sobre uma banqueta de barro.
Todos vestidos de panos da mesma qualidade, mostrando pela uniformidade de suas vestimentas
pertencer a uma mesma sociedade (egbé). Seis destas estatuetas representam àbíkús e
as outras duas ibeji. As oferendas feitas pela tanyinnon consistiam de oka (pasta de inhame)
obèlá (espécie de caruru) èkeru (feijão moído e cozido nas folhas1 eran dindi, eja dindin
(carne e peixe fritos) que, depois da prece da tanyinon e da oferenda de parte desta comida
às estatuetas, foram distribuídas pela assistència. Uma Sacerdotisa de Obatalá (Chamado Dudua
em Porto Novo) assisti a cerimônia sublinhando as ligações que existiam entre o orixá
da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, aleijados, albinos) e aqueles cujo
nascimento B anormal (abikú e ibeji).
Esta cerimônia lembra a que é feita tradicionalmente para os gèmeos na Bahia pelos descendentes
de ioruba trazidos antigamente para o Brasil pelo trdfico. Todos os anos, no dia 27 de
setembro, dia de S. Cosme e S. Damião, 7 meninos são convidados por certas famílias para
comer o caruru tradicional oferecido aos ibeji. Este carui-u não é outra coisa senão o obèlá
da cerimônia dos abíkú e preparado do mesmo modo. Os sete meninos representam os gè.
meos Cosme e Damião, Dois-Dois (deformação de Idowu, aquele que, entre os iorubás, nasce
depois dos gêmeos Táiwo e Kèánindé) Crispim, Crispiniano, SalBk6 e Tàlèbí.
Em sua prece a tanyinon tinha evocado Sàlàkó, que com Tàlàbi são os nomes dados aos me.
ninos e meninas que vem ao mundo com pedaçosde membrana rompida sobre a cabeça; cir.
cunstância excepcionai do seu nascimento que os aproxima da sociedade dos abíku.
(8) HORTON, Robin. Africa traditional thought and Western Science. Afriw. London, 37
{2):159, apr. 1967.
kalabari Sculpture. Lagos, 1965. p. 10
LAVOND~SH, enri. Magie et langage. L'Homme. 1963. p. 115.
(9) WILLIAMS, Peter Morton. Yoruba response of fear of death. Africa. London, 30 (1 1:35,
jan. 1960.
(10) Por dificuldades tipográficas deixamos de transcrever os textos respectivos do original em
iorubá, que se encontram no artigo: VERGER, Pierre. La societé egbé orun des Abíkú, les
enfants qui naissent pour mourir maintés fois. Bulletin de I'lfán. Dakar, 30 (41: 1448187,
1968. (série BI.
lTradução do original em francês de Ieda Machado Ribeiro dos Santos (CEAO).
LA SOCÓTÉ EGBÉ ORUN DESABIKÚ, LES ENFANTS OU1
NAISSENT POUR MOURIR MAINTÉS FOIS
Si une femme, en pays yoruba, donne naissance à une série d'enfants
rnort-nés ou morts en bas âge, Ia tradition veut que ce ne soit pas Ia venue
au monde d'enfants différents, mais qu'il s'agisse de diverses apparitions
d'un rnême être malé fique appelé abiku (naitre-mourir), censé venir
au monde un bref moment pour s'en retourner au pays des morts, orun,
l'au-dela, à diverses reprises. I1 passe ainsi son temps a aller et revenir de
l'au-dela au monde, sans jamais y rester logtemps, au plus grand désespoir
des parents désireux d'avoir de nombreux enfants vivants pour assurer
Ia continuité de Ia famille.
Huit histoires, itan d'lfa, contées par Ies babalawô (les peres qui possedent
les secrets) au Nigeria sont données dans leurs textes complets et
montrent comrnent les abiku sont censés former une société, egbe orun.
Au moment de venir sur terre, chacun d'entre eux doit prendre l'engagement
de revenir auprés de leurs compagnons a une èpoque déterrninée
par lui Mais si les parents parviennent a /e retenir au monde par certaines
o ffrandes, /e charme est rompu, l'abiku, oubliant sa promesse de retour,
et, rornpant ainsi le cycle de leurs allées et venues continuelles entre Ia
vie et Ia mort, reste enfin au monde pour une période de vie normale.
11s reçoivent certains norns au mornent de leur naissance, les suppliant
ou les incitant 2 rester au monde. La fréquence avec laquelle on rencontre
en pays yoruba ces noms, portés par des adultes et des vieillards en
bonne santé, montre que beacoup d'abiku restent au monde, grâce aux
';arécautions" décrites dans cet article.
TUE EGBÉ ÒRUN SOCIETY OF THE ABIKÚ, THE CHILDREN
BORN TO DIE
l f a womari gives birth, in Yoruba country, to series of still-born children
or if they die in infancy, tradition says that it is not the birth of various
children, but that it is the same malevolent creature corning severa1 times
to earth. He is called abiku (born to die) and supposed to come to earth
to return after a short time to the country of the deads. He comes and
goes from and to the "beyond" and the earth without remaining here for
long, for the greatest despair of the parents, anxious to get numerous
children to secure the continuity of the family.
Eight stories, itan of lfa, told by babalawo (the fathers who possess the
secrets) in Nigeria are given in their full ex tension and show how the abiku
are supposed to form a kind of "club", the egbe orun. Each of its
OS CAMINHOS DE IFÁ
OS CAMINHOS DE IFÁ
IFA é sistema através do qual se processa a consulta oracular.
O oráculo baseia-se nos dezesseis principais ODU, através dos quais ORUNMILA relata histórias e lendas cujos personagens normalmente enfrentam situações similares aquelas expostas pelo consulente. Mas a escolha da história a ser narrada compete á Divindade.
Os dezesseis ODU que relacionam-se com si próprios (16 x 16), perfazendo um total de 256 caminhos ou diferentes possibilidades de destino, tratados por ESU. No momento da consulta, ORUNMILA envia o ODU que será suficiente para orientar as dúvidas do consulente e esclarece de que forma tal caminho (positiva ou negativa) está influenciando a vida da pessoa. O Sacerdote interpreta a fala da Divindade, estabelece os pontos principais que devam ser modificados para restabelecer a tranqüilidade ou o bem estar físico, financeiro, sentimental etc. A partir daí resta definir quais oferendas votivas (EBO) deve ser realizadas para possibilitar a consecução do vaticínio, bem como aconselhar a respeito de atitudes ou comportamentos que facilitem o resultado pretendido.
Assim, por exemplo, quando um indivíduo queixa-se de não conseguir emprego, mas insiste em continuar numa área onde o mercado de trabalho está completamente saturado, ORUNMILA pode esclarecer as dificuldades, recomendar os EBO necessários e aconselhá-lo a tentar outra região onde seja mais simples conseguir ocupação. Em outras palavras, o Céu sempre ajuda, mas a pessoa também deve fazer sua parte.
Os ODU de IFA são completos e absolutos; cada um deles possui um lado claro e outro escuro, ou seja, um lado positivo e outro negativo, o ying e o yang, o masculino e o feminino e assim por diante, a feição de tudo o mais no Universo.
Não existe ODU melhor que outro; dependendo das circunstâncias, o melhor deles transforma-se no pior, e vice-versa.
A Participação Fundamental do ORISA ESU.
ESU
A interpretação das falas do Oráculo é feita pelo Sacerdote preparado para essa finalidade e ocorre através do auxílio poderoso do ORISA ESU, o grande mensageiro e intermediário entre os seres humanos e as Potências Divinas.
Èsù é quem movimenta as peças do jogo (búzios) para formar as configurações que serão interpretadas pelo Sacerdote. Sem a participação dessa Divindade, as respostas seriam totalmente ininteligíveis para os seres humanos. É ele que acompanha atentamente as atitudes e palavras tanto do sacerdote quanto do consulente, principalmente quanto à sinceridade de cada um no momento da consulta. Da mesma forma é quem fiscaliza todo os procedimentos rituais, desde a consulta oracular até a elaboração das oferendas votivas determinadas.
Após isso, ainda é Òrìsà Èsù que transporta as oferendas para o mundo espiritual (Ọrun) e, se forem aceitas, traz de volta a resposta Divina, na forma da benção solicitada.
Torna-se então essa Divindade o grande aliado do Homem na realização do próprio destino.
Méríndílogún
O homem, desde os primórdios tempos, foi e é movido por uma imensa ânsia de saber descobrir o que seu destino tem guardado e trancado para sua vida.
Os africanos (os primeiros habitantes do nosso planeta) desenvolveram os primeiros oráculos, e estes se perpetuaram até os dias de hoje. Saber e questionar o motivo de nossa estadia aqui na terra e os mistérios que envolvem nosso futuro sempre foram o motivo principal da criação destes oráculos. A origem africana tradicional destes oráculos está especificamente no culto a Ọrúnmìlà, o Deus da sabedoria, do conhecimento, dos segredos, da adivinhação, o senhor dos destinos.
Deriva a este conhecimento os seus sacerdotes denominados Babálawós (pais detentores dos segredos), título máximo de um sacerdote no culto aos Òrìsàs até porque na África são considerados como sendo o próprio Òrìsà na terra, sua presença é tida como sagrada em qualquer localidade do solo africano.
Estes sacerdotes se utilizam três oráculos principais para elucidação de qualquer fato, são eles:
- 1. Ikin-Ifá – Manipulado apenas por Babálawós.
- 2. Òpelè-Ifá – Manipulado por Babálawós e Babálòrìsàs.
- 3. Méríndílogún (búzios) manipulados por Babálawós, Iyálòrìsàs e, eventualmente por alguns Babálòrìsàs.
É sobre o jogo de méríndílogún (jogo dos dezesseis) que discorreremos a seguir. Foi criado por Òrìsà Ifá (Ọrúnmìlà) para ser manipulado tradicionalmente por mulheres, pois deriva do jogo de Òpelè-Ifá. Baseado sobre conhecimentos de Odù, é tido como um grande oráculo e, como o Ikin-Ifá e o Òpelè-Ifá, diferem-se dos outros tipos de adivinhação pelo motivo de trazer, além de diagnóstico, uma solução para sanar o problema ou agonia de quem o consulta.
É um oráculo divinatório, de cunho religioso, cujo principal objetivo é orientar (e não adivinhar) e apresentar solução frente ao problema e/ou agonia, através de aconselhamento e/ou atitudes ritualísticas denominadas Ẹbọs.
As forças superiores são sempre solicitadas na solução dos problemas, bem como a magia, as rezas e os preceitos religiosos. Ao sacerdote cabe a função de ingressar nos processos ritualísticos e iniciáticos, nada deve escapar de seu controle, deve saber interpretar com exatidão os desejos e determinações das divindades e outros seres espirituais que venham a manifestar-se por intermédio dos oráculos.
Tornou-se Brasil o oráculo africano mais popular e difundido, dividindo assim, em termos de popularidade, a sua liderança de popularidade com o Tarô. Sua preferência deve-se em parte, pela ausência de Babálawós no Brasil, e pelos fatos de que as primeiras casas de àşé no Brasil foram fundadas por mulheres (e a tradição reza que este é um oráculo destinado às mulheres).
É imprescindível que o postulante à estudante do sistema oracular de méríndílogún domine o conhecimento de Odùs, pois as quedas verificadas no jogo cairão automaticamente sobre algum dos 16 Odùs.
O Odù é uma energia que determina um destino, tem características próprias, positivas e negativas, e são descritos como destinos que os próprios Òrìsàs tiveram enquanto moradores e freqüentadores da terra.
A intenção maior deste breve material de cunho didático é fornecer informações sobre estes 16 Odùs, o arquétipo de cada pessoa que os carrega, o que ele traz de mensagem quando vem positivo, o que traz de mensagem quando vem negativo, as possíveis doenças às quais este destino está ligado, quais Òrìsàs estão ligados a ele e as necessidades e proibições que este impõe para que, dentro deste destino a pessoa possa cercar-se de maior positividade possível. As informações contidas nestas páginas foram colhidas em axés brasileiros e africanos, selecionados por suas tradições, popularidade, conhecimento e idade.
O Òrìsà responsável pelas quedas no jogo chama-se Èsù, ele é a divindade que responde pelo oráculo e sobre este Òrìsà discorreremos largamente no decorrer do curso. Foi, em primeira instância, criado por Ifá para que pudesse ser manipulado por Òsún, daí o motivo pelo qual é tido como oráculo para manipulação feminina e até porque o Òpelè-Ifá e o Ikin-Ifá só podem ser manipulados por homens. A seguir esta a relação dos 16 Odùs principais (mejis).
Técnica do Jogo
Neste capítulo discorreremos á respeito das técnicas pertinentes á correta manipulação do oráculo, alias, gostaria de salientar que as técnicas difundidas no Brasil são várias e diversas e que não irei entrar no mérito de achar qual mais certa e/ou adequada. Porém não são raros os relatos de situações confusas e desagradáveis relatadas pelas pessoas consultadas por pretensos sacerdotes e/ou iniciantes que se acham preparados á diagnosticar fatos que se passam na vida do consulente, mas que não detêm um mínimo de conhecimento, estudo e preparo para tal tarefa.
Em primeiro lugar gostaria de relatar que o méríndílogún é um oráculo divinatório (e não adivinhatório) de cunho religioso, não podendo, portanto ser manipulado por pessoas que não sejam devidamente iniciadas no culto. Além de iniciação, exige um preparo sacerdotal e muito estudo por parte do postulante a manipular este oráculo.
A principal finalidade do jogo de búzios é a de orientar o consulente e não adivinhar como pregam alguns sacerdotes, daí a necessidade de preparo e estudo, muito estudo, por parte do sacerdote, pois vai depender muito dele o bom andamento da consulta.
É necessário e preponderante que se esclareça que depende também do consulente este bom andamento da consulta ao oráculo, pois este é regido por Èsù, um Òrìsà de grande complexidade, este Òrìsà vigiará o consulente durante toda a consulta e se este vier a mentir ou omitir intencionalmente algo ao sacerdote, Èsù manipulará erroneamente as interpretações do jogo para que o consulente seja pago na mesma moeda, ou seja, este passará de enganar á enganado, Èsù irá mentir ao consulente.
O sacerdote também é alvo de vigília de Èsù não podendo mentir ao consulente sob pena de ser altamente penalizado, espiritualmente dizendo. A técnica narrada á seguir nos foi ditado por Babálawós da região de Ibadã, Nigéria, é bem diferente da praticada no Brasil, é uma maneira técnica de jogar os búzios, não podendo em momento algum da intuição de quem o manipula, uma vez que utilizará contas numéricas durante sua apuração e conhecimento de Ẹbọ na solução das agonias e/ou problemas apurados durante sua manipulação.
É DIVIDIDO
01. Rezas pertinentes á abertura do oráculo.
02. Identificação do Odù que ora se apresenta.
03. Se este Odù que se apresentou está + ou –.
04. Em qual aspecto da vida do consulente ele vem trazendo mais positivismo ou negativismo.
05. Descobrir a maneira á qual se solucionará os problemas do consulente.
06. Responder ás perguntas e questionamentos do consulente.
Nosso próximo passo será explicar estas etapas de modo que fique um mínimo de dúvida a respeito da técnica. Começaremos então pelo preparo do jogo em si e pela reza inicial.
É importante frisar que a todo sacerdote cabem algumas rezas matinais que serão expostas em uma obra posteriormente divulgada.
Ao preparar o oráculo, devem-se seguir algumas normas pertinentes ao culto, os dezesseis búzios, uma peneira ou uma louça branca ou uma tábua, os ìgbós (dos quais falaremos adiantes), poderá ser manipulado no chão sobre uma esteira, ou sobre uma mesa. È de suma importância frisar um detalhe que me é significativo.
Na maior parte das vezes, a pessoa que procura o oráculo tem alguns problemas, alguma agonia ou quer elucidar alguma dúvida importante, que normalmente está lhe trazendo preocupação e tirando sua paz interior.
Nesta ótica, a função do sacerdote passa a ser a de diagnosticar o problema, as causas do problema, e apresentar solução para este, uma vez que foi esta a intenção maior do consultado. Ao começar a consulta, o sacerdote invoca as forças espirituais para que estas venham ao seu auxílio e lhe concedam permissão para se proceder a manipulação do oráculo, mas não deve este se esquecer que o consulente também é portador de uma conjuntura espiritual que lhe é pertinente e lhe acompanha e que, sendo assim, também tem de ser consultada, invocada e lembrada a fim de que conceda permissão para que os segredos do consulente possam ser revelados no oráculo.
O seu Orí também deve ser alvo desta invocação visto que este é de suma importância.
Após esta etapa já se pode passar á primeira jogada, que é a mais importante do jogo, pois indica o Odù do qual o consulente é portador do momento e este será tido como regente e orientar dos preceitos da consulta. Este Odù não pode mais ser esquecido, então deve ser anotado em um papel ou memorizado. O próximo passo será identificar se este Odù é portador de noticias positivas ou negativas. Entraremos então no que se chama de amarração do ìgbós.
Os ìgbós são objetos, elementos, que servirão de apoio ao sacerdote para dar exatidão absoluta ás respostas no decorrer da consulta. O próximo passo então será dispor do oráculo dos i ìgbós, dois objetos, os quais um irá significar sim, positivo, afirmativo (dois búzios amarrados) e o outro significará não, negativo (osso).
Procede-se então outra etapa, joga-se os búzios á frente do primeiro ìgbó (o +) e identifica-se o Odù que responde por esta queda contando-se a quantidade de búzios que caem abertos. Anota-se para ser preparada com a próxima. Após devidamente identificado o Odù que respondeu pelo ìgbó positivo, recolhe-se os búzios; as mãos e se faz uma nova queda agora á frente do segundo ìgbós (-), o ìgbó negativo. Após este lançamento, (o terceiro do jogo) conta-se novamente os búzios abertos e identifica-se o Odù que veio responder pelo ìgbó negativo. Anota-se esta queda e compara-se agora o Odù que respondeu pelo ìgbó + e o Odù que respondeu pelo ìgbó -.
O Odù mais velho será o vitorioso desta comparação e identificara instantaneamente se Odù que veio responder pela primeira jogada e portador de notícias positivas ou negativas. A titulo de conferir o que foi exposto, rememorando, á esta altura do jogo, após a terceira jogada já sabemos qual Odù vem respondendo pelo momento da pessoa e se este esta trazendo positividade ou negatividade para o consulente.
O primeiro ìgbó, que estará mais á direita (OCUTA) do consulente será o primeiro á ser consultado, lança-se então uma jogada para este ìgbó e anota-se a queda, recolhe-se então os búzios e lança-se agora para o segundo ìgbó (AJE), que esta mediante ao lado do primeiro, conta-se os búzios abertos e anota-se, agora recolhe-se os búzios e lança-se novamente para o terceiro ìgbó (IGBIN), que esta localizado imediatamente ao lado do segundo, conta-se os búzios que caírem abertos, anota-se a queda, recolhe os búzios e lança-se novamente, agora para a quarto ìgbó (OSSO) localizado ao lado do terceiro, conta-se os búzios abertos, anota-se, recolhe-se novamente e faz o quinto e último lançamento, agora para o quinto ìgbó (LOUÇA) que deverá estar localizado ao lado do quarto ìgbós, então conta-se à quantidade de búzios que caíram abertos, anota-se e procede-se agora a compreensão dos ìgbóss. Se existem cinco ìgbós no jogo, e você fez 1 lançamento para cada um, o próximo passo será identificar em qual ìgbós o Odù mais velho se apresentou.
No começo parece complicado, mas é extremamente simples, pois há uma tabela nesta obra mostrando a ordem de chegada dos Odù s, o primeiro é o mais velho (ejionile), depois vem o segundo (ejiologbom), depois o terceiro (ejilashebora) e assim sucessivamente. Ganhará preponderância o ìgbó sobre o qual o Odù mais velho responder. Pra resumir, estamos então com 8 lançamentos efetivados, o primeiro nos definiu qual Odù que esta respondendo pela atual situação do consulente, o segundo e o terceiros nos esclareceu sobre uma positividade ou negatividade da situação e as outras cinco jogadas nos esclareceu exatamente aonde se situa esta positividade ou esta negatividade, se é na área de saúde, dinheiro, filho, vitória, etc.
Nosso próximo passo será então diagnosticar a solução para o problema apresentado. Um detalhe importante aqui a ser esclarecido é o seguinte: sempre que uma pessoa se consultar com búzios haverá a necessidade de passar por processo ritualístico, ou seja, deverá tirar um Ẹbọ. A explicação é que se o Odù do consulente estiver negativo, este deverá passar por um Ẹbọ para que este fique positivo e se o Odù se apresentar positivo no jogo o consulente também deverá passar por um Ẹbọ para que o Odù que se apresentou positivo continue assim, ou seja, para que o ou não venha, de uma hora para outra ficar negativo. E é desta etapa do jogo para frente que o jogo mostra que o sacerdote precisa estar preparado, pois saber o que fazer para se resolver à situação espiritual da pessoa será de suma importância, e é o motivo principal da presença do consulente frente ao oráculo.
A maioria das pessoas que procuram um jogo de búzios tem um problema específico e estão confiando que sairão com pelo menos uma receita para solucionar este problema, caberá ao sacerdote passar esta receita com exatidão e riqueza de detalhes. Voltando á parte técnica do jogo, para saber quem vai resolver o problema do consulente, serão 3 os passos:
1) Perguntar ao jogo se o Ẹbọ que se tem á mão é o suficiente par resolver todos os problemas do consulente (Ẹbọ do Odù).
2) Caso a resposta seja não, perguntar ao jogo se é Èsù quem vai resolver o problema e o que ele quer.
3) Se a resposta for negativa, teremos então de dispor dos ìgbós novamente, os cincos, cada um responderá por uma maneira específica de resolver o problema.
Jogaremos novamente para cada um dos símbolos novamente e o símbolo que responder pela queda mais forte, ou seja, a queda que responda pelo Odù mais velho apurado nesta cinco quedas será a vencedora. A título de saber das respostas, o primeiro ìgbó diz que é um eborá quem irá resolver o problema (EBORA = Xangô, Ogum, Oyá, Odes, Oxum, etc.). o segundo ìgbós quer dizer que é Òrìsà Ifá/Ọrúnmìlà quem vai se encarregar de resolver a questão, o terceiro ìgbós diz que é um Òrìsà funfun quem vai se encarregar de resolver o problema (ex: Oxalá, Odudua, etc.). O quarto ìgbós diz que a solução do problema está nas mãos de egun, que pode ser um babá egun, egun, Egungun, um espírito de umbanda e/ou até de algum ancestral ou antepassado da pessoa consultada, e o quinto ìgbós diz que é a própria cabeça da pessoa quem vai trazer solução para este problema ou esta questão.
Feito o diagnóstico completo da solução do problema da pessoa, passaremos a uma nova fase do jogo. Agora disporemos dois ìgbóss apenas no jogo, um significará o sim e o outro o não. A pessoa fará as perguntas que quiser sobre qualquer assunto. Para qualquer pergunta feita o sacerdote fará dois lançamentos, um no sim e outro no não. O lançamento que falar pelo Odù mais velho será o ganhador, se cair o Odù mais velho no ìgbós do sim, então este será o ganhador, mas se pelo contrário a queda mais forte sair em cima do ìgbós negativo então a resposta será não. Esta é a última fase do jogo e, uma vez satisfeita a curiosidade e respondidas as dúvidas do consulente, procede-se ao fechamento do oráculo não se esquecendo de agradecer á presenças de todas as potências espirituais que estiveram presentes neste jogo. Outra informação de destaque é que Èsù foi invocado para trazer as respostas no oráculo e que este deve ser pago.
Se o sacerdote fez a consulta de graça, cabe a ele pagar á Èsù pelo seu trabalho, uma vez que este Òrìsà não faz nada de graça á ninguém, se ele foi invocado á trazer as respostas do oráculo, então este deve ser devidamente pago, independentemente se a consulta foi devidamente remunerada ou não. Caberá ao sacerdote fazer sempre após uma consulta de búzios uma pequena oferenda á este Òrìsà, ou um pouco de dendê, ou gim ou mel, etc. Para que não fique devendo nada á Èsù. Não é função desta obra, ensinar o jogo de búzios ás pessoas que o lerem, mas seim dar uma idéia de como funciona este oráculo, uma vez que esta obra cairá também nas mãos de pessoas que não são iniciadas no culto, e, para que estas não saiam por aí jogando búzios apoiados apenas no conteúdo desta obra, nos limitamos á passar apenas estas informações. As rezas, os Ẹbọs, os segredos ritualísticos, os critérios sacerdotais, as seqüências das jornadas mais importantes, o conhecimento de certos Òrìsàs que não são cultuados no Brasil e que também são invocados á trazer soluções para certos tipos de problemas são fornecidos no decorrer dos cursos os quais eu ministro nas principais capitais.
Volto a frisar que aprender a jogar búzios é uma coisa, mas jogar búzios efetivamente é outra coisa bem diferente, deriva de preparo sacerdotal, iniciação em culto específico, comunhão com certos Òrìsàs, etc.
Sobre o preparo dos búzios em específico cabem algumas observações. Quando se prepara os búzios para que estes possam compor um verdadeiro oráculo, há de se prepará-los devidamente, estes deverão passar por processos ritualísticos especiais. Deve-se dar de comer á estes búzios e a alguns Òrìsàs como Ọrúnmìlà, Ifá e Èsù. Esta preparação deve ser feita com muita maestria, pois alguns dos ìgbós usados no decorrer dos jogadas derivam destas oferendas e o conhecimento sobre Ọrúnmìlà/Ifá e bem reduzido aqui no Brasil. É pela descrição dos fatos acima citados que resolvi, nos cursos de manipulação de jogo de búzios, separá-lo em 03 módulos, bem distintos, o primeiro corresponde ao aprendizado dos Odù (dos 16 mejis) e á correta manipulação do oráculo, o segundo módulo corresponde ao aprendizado das rezas, ofos, orikis, aduras, e dos Ẹbọ utilizados para resolução dos diversos problemas que normalmente aparecem no oráculo quando do atendimento ao consulente, o terceiro e último módulo já se refere ao preparo do oráculo em si e ao preparo do sacerdote para que, finalmente, ela possa enfim dar ao consulente um atendimento digno, poderá então jogar búzios, traçar diagnósticos e estratégias de solução frente aos desafios espirituais decorrentes destas consultas.
Voltamos a frisar que, para se alcançar tal estágio é preciso, necessário, obrigatório, que o militante e se postular á este sacerdote seja iniciado no culto ao Òrìsà, em outras palavras, tenha feitura de Santo comprovada. Para se concluir este terceiro degrau, além dessas premissas anteriormente descritas acima, há de se observar que deriva ao correto preparo dos búzios para que estes possuam ser corretamente introduzidos no oráculo, fazer as oferendas corretas aos Òrìsàs, que serão Èsù, Ọrúnmìlà/Ifá, e mais um terceiro Òrìsà que será determinado no ato dos preceitos.
Os búzios utilizados para se compor o oráculo serão então envolvidas em algumas etapas das oferendas á estes Òrìsàs, obtendo assim o axé destas oferendas, ganhando assim força suficiente para realmente responder, em forma de quedas, ás perguntas efetuadas durante as consultas. O oráculo não pode ser constituído com elementos que não sejam previamente consagrados e/ou preparados, ou seja, não é um búzio qualquer que poderá fazer parte do oráculo, este tem de ser previamente preparado para se fazer parte integrante deste oráculo.
1º EJIONILÉ (OGBE-MEJI)
8 Búzios abertos: Primeiro ODU na ordem de chegada.
Respondem: SONGO – OBATALA – AIRA – IFA – OKE
ARQUÉTIPO
As pessoas portadoras deste ODU são muito protegidas espiritualmente, pessoas beneficiadas por amizades, raciocínio claro, fala de pessoas impulsivas, voltadas para conquista de objetivos, desenvolvimento intelectual mediano, curiosas, enfraquecidas por imaginação excessiva, são diretos, quase não conhecem a sutileza. É o ODU mais velho do oráculo, com exceção de OFUM, de quem foi gerado. Sua cor é o branco podendo por vezes aceitar também o azul.
Sua principal função é de proteger o nosso mundo, suprindo-o em todas as suas necessidades e cuidando de sua permanente renovação. É o senhor do dia e de tudo que acontece durante ele.
É responsável pelo movimento de rotação, que provoca, depois de cada noite, o surgimento de um novo dia. Controla os rios, as chuvas e os mares, a cabeça humana e as dos animais.
O pássaro LEKELEKE, consagrado a OSALUFON, o elefante, o cão, a árvore IROKO, as montanhas, a Terra e o mar pertencem a este signo, assim como todas as coisas naturalmente brancas.
Rege o sistema respiratório, a coluna vertebral e os vasos sanguíneos do corpo humano, embora se saiba que o sangue não lhe pertence (e sim a OSA).
Não gostam de ambientes fechados, adoram conquistas, tem espírito de liderança.
QUANDO EM IRÉ (+)
Será vitorioso em seu próprio campo pelos seus próprios méritos, terá ajuda de pessoas conhecidas ou de estranhos, está sob proteção espiritual, dificuldades são transitórias.
Terá vida longa e/ou descendentes, vitória sofrida, porém garantida, vitória sobre inimigos, sucesso nos negócios, independência, determinação, auto-suficiência, desenvolvimento intelectual pela vontade de saber.
Sorte com conquistas sentimentais e materiais.
QUANDO EM OSOGBO (-)
Sofrerá insolência de terceiros e até de pessoas da própria família, vem sendo enganado dentro de sua própria casa ou no seu local de trabalho, sérias dificuldades para se estabilizar, grande misticismo envolvendo o consulente, vítima de calúnia e difamação, nervosismo, geniosidade, vingança, riscos, acidentes, doenças graves, traições, impaciência, indecisão, rebeldia e autoritarismo, perdição pelo jogo, fúria incontrolada, estupidez, casos judiciais, uma aventura que terá final desastroso, adultério, falta de escrúpulos e sensualidade excessiva.
DOENÇAS:
Anemias; Males do estômago; das Mamas; da Garganta e do ventre; Loucura por imaginação excessiva; Problema da Coluna Vertebral e do Olho esquerdo.
NECESSIDADES:
• Ter calma e prudência constante nas suas atitudes.
• Dizer não à violência e a brigas.
• Colocar-se sob proteção espiritual.
• Não obter coisas que não lhe pertence.
• Não abrir mão de nada que é seu (emprego, dinheiro, companheiro (a) etc.) sob pena de ter graves conseqüências posteriormente.
• Fazer encantamento para alcançar os objetivos.
• Usar roupas claras.
• Não usar roupas pretas e/ou vermelhas.
• Não tomar Meu (vinho da palma).
• Não devem matar ratos.
• Não usar pérolas negras (corais negros e ônix).
• Não comer carne de: galo – cobra e elefante, nem bolo de acará enrolado na folha de bananeira.
• O consulente não deve expor-se em demasia.
EBÓS
• Folha de colônia, alfazema, folha da costa, água de chuva, água de canjica e um igbin. Colocar a folha de colônia, com a folha de alfazema, com folha da costa, com água de chuva e água de canjica, sacrificar o igbin dentro do banho e tefar o Odù ogbe no yerossun e soprar no balde.
• Ori de bagre, ori de preá, um igbin. Sacrifica-se o igbin sobre tudo torra faz-se um pó tefa o Odù ogbe sobre um omi dudu.
2º EJIOLOGBON (OYEKU-MEJI)
13 Búzios abertos. Segundo na ordem da chegada.
Respondem: Omulu – Nana – Egun – Èsù – Ọrúnmìlà.
ARQUÉTIPO:
As pessoas portadoras deste Odù são honestas, doce, trabalhadoras, persistentes, têm muita vontade própria, porém, preferem ser dirigidas e orientadas por alguém de sua confiança.
Fala de gêmeos, pessoas de muito bom gosto, que conciliam simplicidade e beleza à praticidade. Não gostam de formular teorias ou idéias próprias, porém possuem muita vontade própria, são muito conscientes sensíveis e um tanto quanto vingativas. Pessoas que detém o poder do verbo.
Intelectualmente receptivos, tem a capacidade de guardar e acumular grande quantidade de informações.
Pessoas que tem facilidade de se renovar constantemente.
Pessoas normalmente infelizes no amor.
Vencem as maiores dificuldades, pessoas teimosas.
Suas cores são o negro e o cinza prateado, representado por um círculo inteiramente negro, ao contrário de Ejionile, representa a noite e a morte, introduziu a morte e dele depende o chamamento das almas e suas reencarnações, participa dos rituais fúnebres, comandam a abóbada celestial durante a noite e o crepúsculo.
Exercem influência sobre a agricultura e toda sua produção.
Exercem grande influência e estreita relação com o elemento Terra em oposição e Ejionile que comanda o Céu.
Este Odù ensinou os homens a se alimentarem de peixes. Além dos peixes vieram ao mundo sob este signo o couro do crocodilo, o focinho do hipopótamo, o chifre do rinoceronte os animais de hábitos noturnos que tenham pelos ou penas, os nós das madeiras e os nós das cordas.
Representa tudo que é neutro, ineficiente, fatal, conformista, comum, sem importância, aquilo que cai, que se decompõe.
É o declínio do Sol o final do dia, fim de uma etapa, à noite que se aproxima e a morte, um acontecimento nefasto, uma notícia desagradável, um falecimento, uma condenação na justiça.
Determina sempre o final radical de uma situação e/ou fim de um período de sofrimento.
QUANDO EM IRÊ (+):
Final de período de sofrimento, mudanças para melhor, boa orientação, desmascaramento, intuição correta, capacidade de convencer, fidelidade no amor, neutralidade em relação a uma briga, vitória sobre dificuldade, surgimento de oportunidade para realizar objetivos, afastamento de coisas ruins, desgraças e doenças, superação de dificuldades, recompensa por sacrifícios ajuda de um visitante que trará boas notícias, escapará de acidente ou morte, cura de doença e mudança extremas na vida (para melhor).
QUANDO EM OSHOGBO (-):
Fala em risco e morte para o consulente e/ou para sua família, (mulher): briga com o marida ou a perda deste, risco de doenças contagiosas, amor impossível falta de sorte no amor, ineficiência, falta de iniciativa, notícias ruins, impossibilidade de ser ajudado, vida com perturbarão, ilusão, doenças e pobreza.
Risco de prejuízo ao se despreza pequenos detalhes.
DOENÇAS:
Problema com o Aparelho Digestivo; Olhos; Bexiga; Útero; Queda de temperatura; Anemia; Obsessões; Alucinações; Depressões; Stress Emocional;
NECESSIDADES:
• Não tomar atitudes no momento de raiva.
• Ter calma para não colocar as coisas a perder.
• Ter persistência e dar atenção constante aos detalhes.
• (Ao babalÒrìsà) soprar Yerossun em sua própria Ori.
• Ifá é quem vai trazer boas coisas (reverenciá-lo).
• Não usar perfumes muito fortes.
• Não usar roupas vermelhas.
• Não cultivar plantas que produzem espinhos.
• Não beber Emú.
• Não destruir qualquer tipo de formigueiro.
• Não comer comidas muito fortes ou muito temperadas.
• Não comer carne de: Antílope – Veado e qualquer ave de rapina.
• Banhar-se com folhas de cabeceira e algas (p/ manter o Odù +)
• Usar como amuleto à pérola negra e o quartzo fumado.
EBÓS
QUANDO EM IRE (+)
Dar um bori de obi, água, bagre, orobo, pombo e folho de akoko na cabeça. Colocar uma moeda dentro da folha de akoko e rezar pedindo riqueza, e colocar dentro da carteira.
QUANDO EM CODA (-).
Comida a Ifá mais Egungun mais Ori e Ibeji.
3º EJILAXEBORA (IWORI-MEJI)
12 Búzios abertos. Terceiro ODU na ordem de chegada.
Respondem: SONGO – AJE.
ARQUÉTIPO
As pessoas portadoras deste Odu são prestativas, inteligentes, justas, e possuem bom coração.
Jamais perdem a posE, mesmo quando não ocupam posição social elevada. Quase sempre predestinada a trabalho pesado, destinada a receber boa herança e ter grande futuro. Prenúncio de grandes batalhas na vida.
Pessoas sensíveis, amáveis e cordiais. Suas atitudes são pautadas na diplomacia, na habilidade e na polidez.
Dotadas de profunda percepção, assimilaram com facilidade os conhecimentos de caráter subjetivo, o que fortalece suas estruturas espirituais.
Pessoas de comportamento instável, mudam constantemente de opinião e, para não parecerem contraditórios preferem permanecer “em cima do muro”, adoram relacionamentos superficiais e numerosos, dificilmente assumem compromissos de longa duração, o que provoca constante troca de parceiros”.
A inconstância é uma das suas características mais marcantes.
Possuem gosto apurado, mas ficam entediados com qualquer coisa que vire rotina. Pessoas arrogantes, inteligentes, justas e de bom coração, detestam serem mandados.
É um dos quatro ODUS principais do sistema de IFA, este ODU ensinou o costume de comer carne para o ser humano.
Representa SHUNJI (o ponto cardeal do Sul), e KALI (os animais selvagens que habitam as florestas, as bestas ferozes) principalmente o XLA (hiena) e o KINIKINI (leão).
Expressa a idéia de contato, de troca, de relação entre dois seres ou duas coisas. Refere-se a tudo o que diz respeito à união, casamento, contratos, pactos, acordos, compromissos, etc.
Esta figura exprime tudo o que entra em contato, não só por associação como também por oposição.
Desta forma, o confronto de dois homens, dois exércitos em luta, desde que ocorra um contato bem próximo, corpo-a-corpo, assim como um acoplamento sexual ou um par de dançarinos em ação, estão sempre sob sua influência.
Pode significar ainda o fim de uma estadia sobre a Terra, a morte do corpo físico, daí o seu nome pode significar “cortar a cabeça”.
QUANDO EM IRÊ (+):
Vitória em todos os sentidos, situação de desespero que chega ao final, superação através do esforço, fortalecimento espiritual, inteligência, posição de comando, relacionamento de amizade se transformando em romance, vitória numa disputa, casamento ou união sentimental, contrato bem sucedido.
ORISA protegendo esta pessoa, perdas serão passageiras, terá ajuda de parente, dificuldade chegando ao fim.
Indica filho a caminho e que boa parte dos problemas serão resolvidos através de oferenda a IFA.
QUANDO EM OSOGBO (-):
Discussão por causa de herança, perigo de se perder grande tarefa por não aceitar ajuda de terceiros, indicação de viagens difíceis ou muito trabalhosas.
Alguém, entre as pessoas que o cercam, com muita inveja prejudicando o consulente, traição em sociedade, morte; doença, casos de justiça, inimigos, troca ruim que trará maus resultados, um inimigo difícil de ser derrotado, derrota. associação prejudicial, compromissos que não podem ser satisfeitos, tendências ao suicídio e desespero.
DOENÇAS:
Distúrbios nervosos; paralisias locais e gerais; Falta de Coordenação Motora; Epilepsia; Loucura Total; Catalepsia; Dores de Cabeça; Problemas com Pressão e com Sangue, Hemorragia; Cortes no corpo problema de menstruação.
NECESSIDADES:
• Não discutir.
• Não prejudicar os outros.
• Não emprestar dinheiro.
• Estudar bem as pessoas antes de confiar.
• Cuidado com sociedades.
• Fazer EBO para conquistar dinheiro e caminhos abertos.
• Prestar atenção ao colocar seus planos em prática, ao contrário colocará tudo a perder por causa do detalhe.
• Mulher: Não deve ter dúvida para realizar seus desejos.
• Firmeza na defesa de seus direitos.
• Perdoar os erros e ofensas de parentes mais novos.
• Não cultivar rancores e/ou querer desforras.
• Não comer a carne de qualquer animal morto por decapitação.
• Não comer qualquer alimento feito com farinha de milho.
• Não ingerir mel de abelha ou qualquer alimento que o contenha.
• Não matar ou colecionar borboletas, assim como possuir objetos, quadros, jóias, etc. adornados com as suas asas.
• No caso de viagem realizar oferenda para não encontrar o mal onde quer que vá.
EBÓS
• Um AJAPA, um pombo branco para OGUN.
• Oogum ire Etu + Du du.
3º ODI-MEJI
7 búzios abertos: Quarto Odù na ordem de chegada.
Respondem: Omolú – Ossain – Ifá – Èsù – Abiku – Oxalá – Egun
ARQUÉTIPO:
As pessoas portadoras deste Odù são pessoas ambiciosas, de personalidade forte, porém humildes, são bons feiticeiros e têm curiosidades por coisas ocultas e misteriosas.
São pessoas perseverantes, duras e inflexíveis e buscam constantemente ajuda no auxílio de seus problemas, dotadas de muita inteligência e excelente memória, aprendem com facilidade, mas relutam em passar seus conhecimentos. São pessoas teimosas, no amor são desconfiados e ciumentos, ás vezes vivem isoladas e suas ações contribuem para que isto ocorra, independente de sua vontade, é um signo perigoso, e por vezes anuncia estado de gravidez.
Sua cor é negra ou a mistura de quaisquer outras cores, Odi Meji representa mulher, palavra cuja etimologia costuma ser explicada por uma tradução literal: ÑÕ – NU = Coisa boa ou A mulher: coisa boa, dizem ser este signo que incita o ser humano a copular.
Por esta razão, encontraremos uma relação direta entre Odi e as Kennesi, a impureza das mulheres, proporcionando uma tendência natural a pratica da feitiçaria.
Sob este signo apareceram na Terra, as mulheres, os rios cujas margens têm a aparência de lábios, as nádegas e o costume de sentarmos sobre elas.
Este signo ensinou aos homens o uso de deitarem-se indiferentemente virados para direita ou para esquerda.
Em outra analogia a palavra Odi poderia também ser escrita Ed: ou Idi que significa nádegas,
QUANDO EM IRÊ (+):
Sucesso em carreira profissional, obstáculos sendo atenuados, ajuda de terceiros, proteção de parentes falecidos, viagens com resultados positivos, fartura de comida, traz riqueza, ganhos rápidos, sorte para se tratarem com folhas (banhos de abo, florais e homeopatia), mudanças na vida com progresso, possibilidade de ascensão material lícita ou ilicitamente, fala também de gravidez, fala que com paciência e bom senso não haverá ninguém capaz de se opor ao consulente ou impedi-lo de realizar o que pretende.
QUANDO EM OSOGBO (-)
Calúnia, difamação, perda de virgindade, obstáculos generalizados, obstáculos intransponíveis, miséria, depressão em vários níveis, queda financeira repentina, prisão, condenação, roubo, prejuízos, abandono, traição, perfídia, posses, são de maus espíritos, mulheres de maus hábitos e vida sÈsùal desregrada, caminhos fechados, desgosto, imoralidade, choro por morte, solidão, aquisição de inimigos dissimulados e invejosos de suas posses, seqüelas advindas de acidentes ou de enfermidades, pode também indicar aprisionamento e possessão demoníaca, sabe dos seus problemas, mas não têm força para superá-los.
DOENÇAS:
Problemas de bexiga; Bacia; Necroses; Dermatoses (problemas de pele); Câncer; Lepra; Hipocondria; Melancolia; Neurastenia; Ossos.
NECESSIDADES:
• Pode indicar a necessidade de iniciação.
• Ter paciência e bom senso.
• Não pode usar roupas vermelhas.
• Não participar de coisas ilegais,
• Não ter dúvidas daquilo que deseja.
• Sacrifício para Èsù para afastar coisas ruins que estão a caminho.
• Tomar cuidado para não levar culpas de coisas que não fez.
• Fazer oferenda para não levar culpa das coisas que não fez.
• Fazer oferenda para não ser envolvido em causas judiciais seguidas de derrotas.
• Se for viajar, fazer oferenda para obter fama e honra aonde for.
• Deve fazer sacrifício a um ancestral para que este venha ao seu auxílio.
• Evitar traição, pois não será bem sucedido.
• Não pode dormir de barriga para cima.
• Não pode matar moscas com as mãos.
• Não pode possuir coleções de objetos em números de 7.
• Não comer: Lebre ou coelho – purê de batata doce – feijão fradinho ou qualquer comida em que este seja ingrediente – grão de angola ou suas folhas.
QUANDO IRE (+):
- 1. Pombo branco para Obatalá.
QUANDO CODA (-)
- 1. Pombo; um galo para Èsù e fazer uma comida para parentes e amigos e antes de servir a comida tefar o Odù meji no yerossum e soprar na comida.
4º IEROSUNMEJI
4 Búzios abertos: Quinto Odù na ordem de chegada.
Respondem: Xangô – Oxalá – Iemanjá.
ARQUÉTIPO:
Os portadores deste Odù são bons aliados, porém inimigos tenazes, pessoas vingativas, pessoas corajosas e habilidosas, pessoas altamente sensitivas voltadas para família, são pessoas que gostam de festas, reuniões familiares, gostam de receber visitas.
Suas cores são vermelho e laranja, Odù criador das catacumbas e sepulturas, muito ligado à cor vermelha e aos metais vermelhos como o Cobre e o Bronze e o Outro, são pessoas predestinadas a adquirirem conhecimento dentro de Ifá para não pereçam precocemente, pessoas orgulhosas, animadas, exaltadas, realizadoras, muito agressivas, e que se deixam dominar pela cólera com muita facilidade, pessoas que sofrem por serem caluniadas e difamadas.
Pessoas cercadas de falsas amizades, pessoas que contam com grande proteção de Xangô e Oxalá, pessoas que vencem pelos seus próprios esforços, não gostam de miséria, pessoas fartas (mãos abertas).
As pessoas portadoras deste Odù normalmente são infelizes no amor.
QUANDO EM IRÊ (+):
Gratidão, gosto pelo oculto e pelo misticismo, superação de problemas financeiros e emocionais, mediunidade, vitória através de esforço, decisão e justiça, conformação, trabalho que surge, início de uma nova empresa, peregrinação religiosa, conquista de bens de pouco valor, mas que irão trazer satisfação, obtenção de recursos suficientes para satisfazer as necessidades, sorte no jogo, alegria com seus descendentes, felicidade em sua união amorosa, será vitoriosa em todas as dificuldades.
QUANDO EM OSHOGBO (-):
Será acusado de coisa que não fez, há influência no sexo oposto, poderá ser alvo de intrigas e injustiças, se for envolvido em encrenca dificilmente escapa dela sem conseqüência, ofensas, calunias, perigo acidente, derramamento de sangue, homem que deve ser evitado, mulher perigosa e faladeira, falsidade notícias ruins, doença em casa ou na família, miséria, alguém tentando prejudicar o consulente, perigo de morte, roubo, infelicidade sentimental.
NECESSIDADES:
• Respeitar seus amigos e parentes.
• Fazer ebó para abertura de caminhos.
• Cuidado com palavras de fogo para não encontrar a briga do fogo.
• Evitar brigas.
• Não tomar coisas que não são suas.
• Cautela para tomar atitudes profissionais e afetivas.
• Cautela pra quem conta seus segredos para que não sejam revelados.
• Ter coragem e habilidade.
• Ouvir conselho de companheiro (a) ou amigo íntimo (a).
• Guardar segredo que lhe for confiado para não ser envolvido em confusão.
• Não usar roupas e objetos vermelhos.
• Não comer frutas e cereais de casca vermelha.
• Não ter relacionamento sÈsùal com filhos de Omolú ou de Xangô.
• Não se envolver em questões judiciais.
• Não roer ou chupar ossos de animais.
• Não contar seus planos e metas para ninguém.
• Não comer carne de: Macaco – Antílope – Galo – Elefante.
• Não caminhar por locais onde existam mangues.
EBÓS:
QUANDO IRE (-):
Quatro metros de morim branco, cortar ao meio e fazer uma cruz; colocar o consulente no meio da cruz e em cada ponta coloca-se um copo de gim um orobo, uma fava de atare, um quilo de açúcar e uma vela por último abrem o obi, reza, joga, fala para o consulente o que foi visto no obi; se a resposta for negativa acrescente um pouco mais de gim.
QUANDO CODA (-):
• Uma cabra branca para a cabeça e temperos.
5º OWONRIN-MEJI
11 Búzios abertos: Sexto Odù na ordem de chegada.
Respondem: Oyá - Omulu – Egun – Èsù.
ARQUÉTIPO:
As pessoas portadoras deste Odù são alegres e se realizam em todas as áreas precocemente.
São dotadas de grande sorte, atraentes, espalhafatosas, exageradas, generosas, dominadoras e entusiasmadas.
Não conhecem desafios que não possam vencer, gostam do que é bom, caro e não medem esforços para obterem o que desejam.
Pessoas assediadas por espíritos durante período de sono.
Fala de viagens e de possível gravidez.
Pessoas que tem pronto restabelecimento de saúde, nunca ficam por muito tempo demasiado de cama.
Pessoas necessitadas de iniciação espiritual.
Odù que prenuncia vida curta á seus portadores.
É um Odù muito poderoso que revela inúmeras doenças localizadas no abdome. É o assistente direto de Ikú, a morte, durante a noite, e de GBE, a vitória, durante o dia. Criador das cores transmite a idéia do colorido, de estampado.
Introduziu neste mundo as rochas e as montanhas, as mãos e os pés dos seres humanos e as cólicas femininas.
QUANDO EM IRÊ (+):
Sucesso em empreendimentos comerciais, ajuda financeira inesperada, amplo apoio da família, recompensa pelos seus esforços, nobreza de atitude, uma decisão que leva um bom resultado, nova fase na vida profissional, planos que darão certo, proteção de alto, ajuda de terceiros, fortuna e riqueza. Viagem com sucesso e filho a caminho.
QUANDO EM OSOGBO (-):
Morte repentina, má influência espiritual, injustiça, vítima de falsidade, feitiço, pessoa querendo lhe roubar ou lhe enganar, falsas acusações, risco da vida, acidente, morte súbita ou prematura, vida curta, problemas com justiça.
DOENÇAS:
Hipertensão – Excesso de Sangue – Hipertrofia dos órgãos – Problemas no Olho Direito – Congestões – Problemas Respiratórios – Cardíacos – Dores de dente – Peso nos Ombros.
NECESSIDADES:
• Evitar problemas que não são seus.
• Não andar desacompanhado na rua ao anoitecer.
• Não desejar o mau para seus parentes.
• Deve ter paciência e agir no momento certo.
• Fazer preceito e oração para os seus antepassados.
• Ter cautela ao emitir opinião sobre terceiros.
• Oferecer Adimú para Òrìsà.
• Não freqüentar cemitérios.
• Fazer ebó Ikú para afastar espírito de antepassado que atrapalha o consulente.
• Indica necessidade de iniciação.
EBÓS
QUANDO IRE (+)
• Ogum Ire
• Pombo e atare
QUANDO EM CODA (-)
• Um pombo branco para Èsù, depois abrir o pombo ao meio e levar para orita meta.
OBARA
6 Búzios abertos: Sétimo Odù na ordem de chegada.
Respondem: Xangô – Ifá – Òrìsàs Odes (Oxossi – Ogum – Logun Ode)
Arquétipo:
Os portadores deste Odù são alegres e festivas, carregadas de religiosidade e fartura. Gostam de observar e manter tradições, são pessoas justas, leais, sinceras e honestas, não gostam de injustiças e traições.
São injustiçados no que tange a serem traídas ou pagas com ingratidão pelas pessoas às quais foram ajudadas pelo consulente.
É um Odù de exagero.
Pessoa com grande proteção espiritual e caráter, pessoas que são atingidas pelo mal do olho gordo, pessoas que se prejudicam por se envolver com problemas alheios gratuitamente, pessoas criadoras de fantasias, dispostas e alegres, geralmente saudáveis e que se recuperam c/ facilidade de qualquer doença.
Pessoas que trabalham muito e quase nunca desfrutam das coisas que conquistam. Representa também riqueza, ambição, luxo, ostentação, prosperidade, inteligência, conhecimento, pessoas que falam demais e se prejudicam por conta disso.
Inconstância com o dinheiro: hora tem tudo, hora não tem nada, são vitimas de emprestar dinheiro e não receber.
São pessoas de bom coração e quase nunca sabem dizer não.
São justos com as outras pessoas e injustos consigo mesmo.
É prenúncio de melhora material.
Suas cores são o azul claro e o violeta.
É um Odù masculino, sua representação esotérica é uma cora, em referência ao poder que possui de tudo levantar.
Exprime força, o poder e a possibilidade da realização humana.
Obará Meji criou o ar e por extensão os ventos.
Dele depende a existência dos bosques cheios de ramagem, das forquilhas e de todo tipo de bifurcação.
Deste Odù , nasceram às riquezas, o costume de usar jóias, os mestres e o ensino.
Aqui surgiu o adultério e neste Odù o ser humano aprendeu a mentir e a ser enganoso.
Denuncia expansão física e moral, regularização, alegria, ambição, questão relacionada a dinheiro, processos em andamento, solução de problema de ordem financeira.
QUANDO EM IRE (+)
Prenúncio de melhora financeira, vitória pela força de vontade, forte proteção espiritual, grandes benefícios materiais, possibilidade de riqueza e progresso, vitória generalizada, ajuda inesperada, fim de um obstáculo que deve ser o último que deve ser o último, ausência de enfermidade, negócios lucrativos, evolução no sentido ascendente, tendência à arte e cultura, cabeça progressiva e produtiva, tendência a levantar todas que o cercam, sempre líder no meio público, líder nato, boas surpresas, tendência à velocidade e oportunidade a caminho.
QUANDO EM OSOGBO (-)
Coisas entrando por uma mão e saindo pela outra.
Problemas financeiros, oportunidade que não chega, perda de oportunidade, pessoas brutas e que gostam de comer muito, envolvimento com problema de dinheiro, depressão, perseguido por feitiçaria, praga e falação.
O dinheiro e poder do consulente despertam inveja e cobiças generalizadas que podem afeta-lo.
Briga por herança entre parentes, perigo de tornar-se prepotente e arrogante, defrontando-se com o seu próprio Eu.
Perigo de adquirir grande dívida, pessoa eternamente invejada.
Traz ainda no seu lado negativo, imoralidade, orgulho nocivo, injustiças, libertinagens, adultério, maldade, filho adulterino e guerra em família de santo.
Fala sobre traição de confidência e problemas ligados com terreno.
DOENÇAS:
Infecções do sangue; Problemas circulatórios; Atrofias musculares; Apoplexia Desnutrição; Problemas respiratórios; Mania de grandeza; Loucura.
NECESSIDADES:
• Fazer ebó para que as pessoas não o intitulem como mentiroso.
• Se a pessoa está doente cuidado para não ser levada á morte.
• Mulher não deve viajar durante 21 dias, se o fizer dar comida a Ogum.
• Se estiver brigada com o marido, fazer ebó para reconquistá-lo.
• Não deve, em hipótese nenhuma, debochar do sofrimento alheio.
• Não ser teimoso, nem desequilibrado emocionalmente, para não ser acometido por coisas ruins.
• Manter sigilo absoluto sobre metas e planos para que eles se realizem.
• Ter piedade, caridade e prudência na realização de negócios.
• Não ajudar as pessoas a levantarem qualquer coisa do chão para colocarem sobre os ombros ou sobre a cabeça.
• Não comer: Peixe defumado – bolos de acaso enrolados em folhas de bananeiras – farinha de milho – carne de tartaruga – cobra – crocodilo – antílope – macaco – elefante e hiena.
EBÓS
Eran Agutan mais oferenda para ogum Òrìsà que caminha no Odù .
OKARA-MEJI
1 Búzio aberto: Oitavo Odù na ordem de chegada.
Responde: Èsù – Xangô- Egun – Ikú – Ọrúnmìlà.
ARQUÉTIPO:
As pessoas nascidas sob este signo normalmente precisam de iniciação espiritual para se estabilizar.
São pessoas que devem ter cautela na tomada de decisões.
Têm revelações importantes
São pessoas vingativas.
Trabalham com objetivos.
Precisam ter calma e confiar em Deus para realizarem seus objetivos.
É um Odù de prenúncios quase sempre negativos.
QUANDO EM IRÊ (+)
Vocação religiosa positiva, solução de problemas, nascimento de uma criança (ou gêmeos), virilidade no homem, sÈsùalidade na mulher, progresso material e/ou enriquecimento repentino, objetivos vindo ao encontro do consulente, dificuldades sendo vencidas, pessoa protegida por Ọrúnmìlà, trabalhos intelectuais bem sucedidos, sucesso em uniões amorosas, tendência a se tornar divinador.
QUANDO EM OSOGBO (-):
Sujeita á ser enganado com facilidade, trabalhos manuais mal sucedidos, pessoa invejada por pessoa próxima (parente ou amigo), pessoa que já passou por ritual religioso e não obteve resultado positivo (por causa de Yá-Ajé), fanatismo religioso, injustiça, ingratidão, inquietude, roubo, prisão, abandono, perigo iminente e irremediável, ruína, perda de tudo, caminhos completamente fechados, separações, intrigas, perigo de morte (por tragédia ou doença), fala também de feitiçaria contra o consulente.
NECESSIDADES:
• Não confundir amigo com inimigo e inimigo com amigo.
• Não ofender a Deus, pois é ele quem vai dar força pra superar o problema.
• Fazer oferenda a Ifá para obter sucesso nos objetivos.
• Não comer carne de cão, búfalo e macaco.
• Não comer feijão Akpakun.
• Não cortar ou queimar galhos ou ramos de Iroko.
• Não amarrar feixes de lenha.
• Não tocar em cipós.
EBÓS:
Galo, tempero e ecuru. Colocar os temperos e sacrificar o galo para Èsù e oferecer os ecurus.